segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

No mundo da Lua

Fim de tarde de domingo. Bateu aquele tédio típico de férias. Minha mãe está bem ao meu lado no sofá, entretida nas palavras cruzadas. Este é seu passatempo favorito, no qual ela passa horas vencendo os desafios das charadas, acreditando que este será seu remédio para falta de memória característica dos mais velhos e seu inevitável futuro. Logo à frente está minha irmã, deitada de barriga para cima no maior sofá, lendo uma revista de notícias. Tentando tirar o tempo perdido durante o ano, de alienação, quando só tinha olhos para livros acadêmicos e nada mais. E eu estou vendo televisão, pulando de canal em canal torcendo para que algum programa bom me surpreenda. Só vejo velhos e repetidos apresentadores, com os mesmos clichês de sempre, com o mesmo tipo de roupa de sempre, com aquele microfone de ouro ou aquele sotaque característico. Que droga, estou assistindo a decadência da televisão brasileira. Aperto o botão de desligar, suspirando logo em seguida. Minha mãe me olha. Olha pra cruzadinha. Olha para mim novamente e pede um favor. Passear com meu cachorro. E eu penso que talvez seja a solução dos meu problemas.

Mudo meu short por uma bermuda, dou uma passadinha no espelho e vou na varanda calçar meu chinelo que estava secando depois de um dia de praia. Dou um grito: 'Lucky!!'. Pelo meu tom de voz, meu cachorro já sabia o que eu estava propondo. Barulhinho de patinhas ressoam no apartamento e não demora muito para meu companheiro de sono pós-almoço soltar um latido significativo, comparado ao seu pequeno tamanho. E eu começo uma conversa empolgada com ele, perguntando o que ele queria fazer, se ele não queria passear. Ele late várias vezes em sinal de afirmação. Minha mãe sempre diz que o Lucky entende tudo o que ela diz. Começo a não duvidar disso. Pego sua coleira no quartinho da área, onde estava misturada a espanadores, vassouras e outros instrumentos de casa. Lá está aquela bolinha de pêlo já está me esperando na porta, rodopiando na empolgação de dar uma volta pelo quarteirão. Eu abaixo para colocar a coleira nele, enquanto ele se esquiva de todos os modos possíveis até se render ao inevitável. Lá vamos nós. Ao sair do prédio vejo as ruas vazias e o único barulho que reconheço é do vento batendo nos muros, assoviando, rodando folhas no chão e despeteando meu cabelo. Logo me arrependo de não ter trazido uma borrachinha de cabelo comigo. Meu cachorro é quase levado pela força desse vento tão poderoso. O sol está se pondo e sua luz é tão forte que mal posso enxergar. Sinto sorte por não ter muito movimento pelas ruas.

Me deixo guiar pelo instinto daquele que eu deveria conduzir. Lá vai ele entrar numa rua paralela, parecendo fugir do vento. Tirei um pouco meus pensamentos dele e fui esvaziando minha mente. Quase uma meditação em movimento. Não demorou muito para o sol se pôr totalmente. A escuridão foi tomando aos poucos cada sombra, cada barulho de pássaro, cada casa. Acabamos por sair muito perto da praia. Aquela praia que era pouco frequentada por causa dos fortes ventos e pela falta de estrutura. Eu achava ela linda, justamente por ter aquela cara de selvagem. Resolvi passar por aquela vegetação baixinha para poder alcançar a areia. Uma coruja me olhou de um modo assustador. Nada que me impedisse de sentir novamente a areia sobre meus pés, dessa vez sem pessoas amontoadas umas sobre as outras ou música alta, graças a esta outra praia. Agora eu já estava na perto do mar e o vento já tinha diminuído um pouco. Ajeitei um pouco meu cabelo e sorri porque não tinha ninguém naquelas areias. Só eu e meu cachorro (e os milhares e milhares de animais despercebidos, reais habitantes daquele lugar). Soltei meu cachorro daquilo que ele considerava uma prisão e ele saiu correndo desesperadamente, brincando com cada grão de areia de pulava quando ele corria. Eu sabia que ele ia voltar daqui a pouco e continuei andando devagar. Meu cachorro fazia aquela dança de correr até eu perdê-lo de vista e depois voltar para perto de mim, ofegante e fiel. Não demorou muito tempo para que outro elemento nos fizesse companhia. No céu, um círculo alaranjado começava timidamente a sair por trás do mar. Aquele mar azul servia de contraste para ela. Ela, a formosa e perfeita lua. Ela que adorava ser contemplada por seus amantes ou apenas por amantes. Ela que me arrancou um “Meu Deus...” da minha boca e me fez sentar na areia. Eu olhei ela subindo devagar, vagarosamente como um magnífico balão controlado pela noite. Aquela cor. Fazia tempo que eu não via ela daquele jeito. E o silêncio era tudo o que podia oferecer a ela. Porque qualquer som ou ruído poderia estragar tal majestade. E parecia que o Lucky entendeu isso, porque sentou ao meu lado e olhou na mesma direção que eu. Passei a mão no seu pêlo macio e ele soltou uma lambida no ar, como sempre fazia se concedíamos atenção a ele.

Que noite era aquela...fiquei muito feliz de presenciar uma evolução bem considerável. De uma entediada telespectadora da programação de domingo passei a ser uma amante da lua. E eu realmente a amei naquele momento. Que bela criação. Que bela noite. Só saí daquela praia quando tirei vários retratos com minha mente daquele momento. Porque eu não tinha nenhuma máquina fotográfica que conseguiria reproduzir o que eu estava vendo. Não era somente a lua. Era o esplendor de Deus, era a musa de vários artistas, era aquela que controlava marés e castigava nações em sua fúria, era a luz da noite e o papel de parede de várias vistas românticas. Era a doce e magnífica lua. Quando ela preencheu aquele céu sem nuvens e voltou à sua cor característica, decidi voltar ao apartamento, o que não impediu que eu continuasse a admirá-la. Minha mãe e minha irmã perderam aquele espetáculo, distraídas nos passatempos do dia-a-dia. Uma pena. Eu olhei para o meu cachorro, e agora ele estava com um ar melancólico e calmo. Deitado na varanda em direção a lua, ele tentava descansar do nosso breve passeio. Sentei junto a ele e ali passei a noite: olhando aquela que me hipnotizou minutos antes. Minha presente inspiração.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Final de ano

Final de ano é uma coisa engraçada. Sempre existe aquela retrospectiva sobre o ano que está em seus últimos dias. Aí nós relembramos, choramos, rimos, ficamos satisfeitos ou insatisfeitos, revoltados ou conformados. No próximo ano tudo se repete. Lá vamos nós avaliar os avanços políticos-econômicos do Brasil e nos arrependermos de ter votado em tal pessoa na última eleição. Vimos quem ganhou os campeonatos de futebol, quem ascendeu no mundo da fama, quem decaiu, quem morreu, quem nasceu. Mas tudo isso é um pouco vazio, não?
Sabe o que falta num final de ano? Avaliarmos nossa própria vida. Com certeza muitas pessoas fazem isso, o que é um grande avanço. É certo que se nós vemos onde erramos, estamos mais aptos a acertarmos da próxima vez. Ontem eu pensei muito sobre este ano. Foi um ano de muitas conquistas para mim. Sobrevivi ao meu primeiro ano de Universidade, confirmei que Biologia é o curso certo para minha vida, não traí algumas de minhas maiores convicções e não me deixei influenciar em muitos aspectos. Mas também não ocorreu nada de grandioso (talvez não era pra ocorrer mesmo). Acho que é porque não tracei nenhum objetivo também (dessa vez será diferente).
Sabe o que quero para o ano que vem? Clichê a parte, amar mais. Amar mais a Deus, amar mais minha família, meus amigos. Porque eu acredito que o amor pode mudar muita coisa. E mesmo que aqueles que amam sinceramente possam se decepcionar milhares de vezes com as outras pessoas, vale a pena cultivar este sentimento. E só sei disso porque um dia alguém me amou muito mais que qualquer outro e esse amor me contagiou de forma inexplicável. Mas amar a Deus, amar minha família e amar meus amigos é relativamente fácil! Como não amar a Deus? Ele tem transformado meus dias cinzentos em uma nuvem estonteante cheia de cores nunca vistas antes. Como não amar minha família? Eles que são meu apoio nos dias mais difíceis, são minha companhia, um dos meus alicerces. E como não amar meus amigos? Eles são os que mais convivem com meu mau-humor, com minhas bobeiras, que me agüentam quando nem eu mesma me agüento. Eles que me ajudam e sofrem males parecidos com os meus. Mas o desafio maior é amar aqueles que não me amam. Os chamados ‘inimigos’ (odeio essa palavra). São aquelas pessoas que nunca fizeram questão da sua presença, são aquelas que torcem para você cair a cada passo e que te consideram invisível, talvez por não te conhecerem o bastante. E eu seria muito romântica se dissesse que talvez não exista um desses inimigos na nossa vida. Como amá-los? Não há motivos para amá-los, a não ser um. E esse motivo pode ser inválido para a maioria dos seres viventes. O motivo é a obediência. Obediência a Deus. Ele aconselhou que amássemos os nossos inimigos, porque ao fazermos isso acumularíamos brasas em suas cabeças. É, eu sempre acreditei que dar corda aos que não me querem bem não era a melhor saída. Porque as pessoas adoram odiar umas às outras, e elas arrumam motivos aonde não têm. Você pode ser a mais cordial de todas, não adiantará. Se confrontá-las não resolverá o problema, amá-las pelo menos te fará bem. Fará bem ao corpo, alma e espírito.
Então, se querem um conselho para o próximo ano, só tenho um: amem. Amem uns aos outros. Amem os inimigos, os amigos, os familiares e a Deus. E tenham em mente que o amor ‘é paciente, bondoso; não se vangloria, não se orgulha. Não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.’ (1 Coríntios 13:4-7)
E ótimo 2008 para vocês.

sábado, 15 de dezembro de 2007

O amor não tira férias

"I've found almost everything ever written about love to be true. Shakespeare said "Journeys end in lovers meeting." What an extraordinary thought. Personally, I have not experienced anything remotely close to that, but I am more than willing to believe Shakespeare had. I suppose I think about love more than anyone really should. I am constantly amazed by its sheer power to alter and define our lives. It was Shakespeare who also said "love is blind". Now that is something I know to be true. For some quite inexplicably, love fades; for others love is simply lost. But then of course love can also be found, even if just for the night. And then, there's another kind of love: the cruelest kind. The one that almost kills its victims. Its called unrequited love. Of that I am an expert. Most love stories are about people who fall in love with each other. But what about the rest of us? What about our stories, those of us who fall in love alone? We are the victims of the one sided affair. We are the cursed of the loved ones. We are the unloved ones, the walking wounded. The handicapped without the advantage of a great parking space! Yes, you are looking at one such individual. And I have willingly loved that man for over three miserable years! The absolute worst years of my life! The worst Christmas', the worst Birthday's, New Years Eve's brought in by tears and valium. These years that I have been in love have been the darkest days of my life. All because I've been cursed by being in love with a man who does not and will not love me back. Oh god, just the sight of him! Heart pounding! Throat thickening! Absolutely can't swallow! All the usual symptoms."

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Deixa pra lá

"Porque 'Te amo' não é 'Bom dia'."
Só parafraseando uma amiga...porque precisava registrar em algum lugar e pensei que não teria problema ser aqui.
(Desculpa se vc perdeu tempo lendo isso auhauah Só tou armazenando informações.)
Resumindo: ignorem-me.

sábado, 1 de dezembro de 2007

I'm back, baby

Depois de um longo período sem escrever nada, here I am. Ontem e antes de ontem surgiram vários pensamentos de crônicas que logo depois foram suprimidos pela minha necessidade urgente de estudar. Aì cheguei a conclusão que não há somente um lado bom em estudar. O lado ruim está exposto para quem quiser ver, e eu me confrontei com ele como se ele estivesse estampado em placas de outdoor, em frente à minha janela. Esse post é pra dizer que estou de volta, e que vcs se cansarão de me ver escrevendo aqui, principalmente depois que minha tão sonhada férias chegar.
"Um dia vazio, mesmo claro e puro
Como qualquer noite, é escuro" - Anne Frank, em seu diário.

Bom é estar de volta

Era uma noite de sexta-feira sem lua. O céu estava sem estrelas, sem satélites e sem graça (ó! Parece até hoje ¬¬’). Ela tinha acabado de chegar em casa, e tudo parecia muito bem, apesar do dia ter sido um pouco cansativo. Só vinha uma coisa na mente dela, como um mantra a ser repetido durante toda a semana: não se deixe abalar pelas circunstâncias. Muitas coisas ruins foram jogadas em seus dias, mas ela tinha se mostrado forte até a noite anterior, quando lágrimas saltavam-lhe aos olhos. Tudo involuntário decorrente de uma condição clínica decorrente de final de ano: estresse. Ela precisava de um momento bom. Precisava se distrair. Pensou que a única coisa boa a se fazer nessa hora era contemplar um bom filme – era seu passatempo predileto.
Lá foi ela até a sala, abrir o guia de filmes. Foi até a data do dia presente e correu o dedo por cada título daquela página azul e branca, de papel ruim. Riu do nome de alguns filmes e reconheceu outros, mas até ali, nada parecia bom. Hmm, terror não. Filme chato repetido? Acho que não. Filme desconhecido num canal alternativo? Sem disposição para isso. Ainda sem ligar a televisão, lançou seu olhar sobre seu canal favorito: aquele de filmes leves. Sabe aqueles filmes que são puro entretenimento? Aqueles que te fazem rir e chorar ao mesmo tempo, que tira um peso das suas costas, que não te atormenta. Era aquele canal que nunca faria ela se sentir mal por alguma causa social ou a faria pular de susto a cada cena. Era o canal que cabia para o momento. Leu um nome: ‘ABC do amor’. Que horário? 18h55min. Olhou para o relógio: 18h58min. Perfeito. Agarrou o controle remoto, ligou a TV, jogou-se no sofá e abriu um sorriso de satisfação. Ela odiava ver filme, seja em casa ou no cinema, sem ninguém do lado, mas abriu os braços pra essa situação. Quem visse a cena diria que era o retrato patético da solidão: um sofá de três lugares com uma pessoa esparramada no canto, naquela sala grande e vazia. Mas quem ligava? Era algo diferente e parecia uma ótima idéia, até porque não dava tempo de chamar ninguém pra acompanha-la, e pra falar a verdade, ela precisava de um momento sozinha. Estava cansada daquele tanto de gente sugadora e superficial que atormentavam seu dia-a-dia. As únicas pessoas que seriam perfeitas para o momento estavam longe. De qualquer forma, preferiu realmente estar ali: ela e a tela.
Semanas atrás ela tinha visto o trailler deste filme. Tinha se encantado pelo modo como um menino de 10 anos narrava sua história de amor, em plena Nova Iorque contemporânea. O filme todo era uma propaganda implícita dessa cidade apaixonante, e a narração era muito bem feita. Todo o filme parecia muito bem composto, e isso foi confirmado. Aproveitou para ler a sinopse do filme, ao final do guia: “Little Manhattan (2005) - A cidade de Nova York é um local romântico, até quando você tem 11 anos e está se apaixonando pela primeira vez na vida. É isso que o menino Gabe (Josh Hutcherson) descobre ao lado de sua colega de escola Rosemary (Charlie Ray). Nesta comédia romântica, o amor é visto pelo olhar de duas crianças.”
Ela saboreou cada cena, cada filosofia demonstrada, cada afirmação sobre o amor, cada palavra e imagem. Não demorou muito para se apaixonar pelo filme. Deu gargalhadas, chorou de tanto rir e também chorou sorrindo num sentimento confuso de alegria e identificação com as situações. Afinal, quem nunca teve um primeiro amor? Era o tipo de filme que ela gostava. Um filme que fazia seu tipo. Aquele que fazia despertar nela sentimentos que não sentia fazia tempo. Um filme sutil, com mensagens sutis, romântico e realista ao mesmo tempo. Sem apelos sexuais (coisa difícil de acontecer atualmente), sem complicações, sem violência. Um filme ideal para o momento. Não queria que nada interrompesse sua concentração , então arrancou os fios do telefone fixo e desligou o celular. Foi maravilhoso.
O filme tinha curado ela: viu sua inspiração voltar depois de um tempo sem a companhia das letras e ficou feliz por tudo aquilo. Uma onde de satisfação e paz tomou conta do seu ser e teve vontade de gritar para todos verem a história do Gabe para compartilhar o que tinha sentido, mas a única solução que encontrou foi escrever, numa mistura de fantasia e realidade, um pouco sobre a situação numa página besta da internet.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Enquanto a inspiração não vem

20 de novembro de 2007

“Quarta, 23 de fevereiro de 1944

Nós dois olhamos para o céu azul, para o castanheiro nu brilhando de umidade, as gaivotas e outras aves luzindo de prata enquanto rodopiavam no ar, e ficamos tão comovidos e extasiados que não conseguíamos falar. Ele encostou a cabeça numa trave, e eu continuei sentada. Respiramos o ar, olhamos para fora e nós dois sentimos que o encanto não deveria ser quebrado com palavras. Continuamos assim durante longo tempo, e quando ele teve de ir ao sótão rachar lenha, soube que Peter era um rapaz bom e decente. Ele subiu a escada até o sótão pequeno, e fui atrás; (...) Mas também espiei pela janela aberta, deixando o olhar percorrer boa parte de Amsterdã. Sobre os telhados e em direção ao horizonte havia uma tira de azul tão claro que era quase invisível.
Como posso me sentir triste enquanto isto existir, pensei, esta luz e este céu sem nuvens, e enquanto eu puder desfrutar dessas coisas?
Enquanto isso existir – e deve existir para sempre -, sei que haverá consolo para toda tristeza, independentemente das circunstâncias. Acredito firmemente que a natureza pode trazer conforto a todos que sofrem.
Ah, quem sabe, talvez não demore muito antes que eu possa compartilhar este sentimento de felicidade avassaladora com alguém que sinta o mesmo que eu.”

Trecho encontrado na página 184 de ‘O Diário de Anne Frank’, um livro bem legal que minha amiga Raíssa me emprestou (estou fazendo um intercâmbio literário com ela). Achei linda esta parte!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Viva a diversidade

Hoje fiquei quase o dia todo pensando na diversidade. É, diversidade...musical, de estilo, de corte de cabelo, de formas corporais. Começou na minha ida diária a UFES, de busão (por isso que gosto de ônibus...a gente vê muita coisa.) Vi duas meninas, lá pras 9h da manhã, com um estilosão hip-hop muito característico. Sabe como é? Óculos grande, boné pra trás, duas trancinhas no cabelo, cueca (tipo samba-canção) aparecendo sob a calça larga, tênis grande e confortável. Até lembrei de uma amiga que apesar de gostar tudo quanto é música pop, ama hip-hop de coração, mas que nunca se vestiria daquele jeito (haha). Aí no famoso RU, hora do almoço, meus olhos reencontraram essas duas meninas, e eu confirmei que eu achei muito massa o jeito de vestir delas. Não é que eu adotaria aquilo para mim, mas que é ótimo ver gente diferente do normal. Ver um colorido no meio do preto-e-branco. A partir desse momento, durante o dia, vi muitas figuras na UFES, como é de praxe. Desde hippies até nerds, de esportistas até claros sedentários. Aí resolvi escrever.
Acho que nós ganharíamos muito se na nossa sala de aula ou ambiente de trabalho, ou família que seja, tivesse gente diferente. Gente que foge do estereótipo comum, que não liga muito pra imagem, saca? Imagina se na nossa sala tivesse um cara estilo hippiezão, super-amigo daquele cara moderno que adora um rock brasileiro. Se o casal perfeito da sala fosse um negro magrelo baixinho com uma ruiva alta e gordinha. E pense só naquela menina loira que ama axé sendo a amiga de todas as horas daquela outra garota que prefere ‘Cansei de Ser Sexy’, e que se veste sem pensar muito nas combinações de cores. Se blusas decotadas e grudadas abraçassem casacos largos de moletom. Imagina se todo mundo pudesse se aceitar e aprender um com o outro. Se os ateus fossem bem amigos dos evangélicos (e vice-versa) – aliás, tive ótimos momentos de aprendizagem ao ter amizades assim. Adoraria ver um mundo onde todo mundo se desse bem. Imagina se todo mundo compartilhasse áudios/vídeos e pudesse ouvir na mesma lista de música de Amy Winehouse até Antônio Carlos Jobim. De Macy Gray até Dream Theater. De The Corrs até Vanessa da Mata. De Björk até Cristina Aguilera. Enfim, vocês entenderam. Dessa mistura toda existiria um equilíbrio. E equilíbrio é a resposta pra muita coisa, acreditem.
Uma pena que as pessoas precisem se incluir em grupos de gente muito parecida com si mesmo. Na verdade, eu entendo perfeitamente essa opção porque muitas vezes é isso o que faço. É mais fácil, gera menos discórdia e problemas, certo? Você não precisa se dar o trabalho de explicar o porquê que você é daquele jeito, todo mundo te entende sem você dizer uma palavra.
Ao mesmo tempo sei que é quase uma alienação, não? A gente se acomoda, não se dá o trabalho de entender os outros. Caraca, a gente criticaria muito menos se convivesse. Conviver é a palavra. A gente fala muita besteira sobre os outros sem perceber. Quantas vezes você (e eu) não criticamos emos, punks, crentes, românticos e realistas?
Aliás, você não precisa ser melhor amigo como relatei anteriormente, mas tentar entender um estilo de vida já é um passo. Ver o ponto de vista do outro é tão duro? Não é difícil não, não mesmo. Só teria que partir de nós um pouquinho de esforço e boa-vontade. E pra lixeira com o preconceito e o rótulo. E viva a diversidade!

domingo, 4 de novembro de 2007

Hm...

Feriado. Manhã fresca e nublada, depois que o sol apareceu para iludir seus amantes. As nuvens de diversos tamanhos formavam os desenhos mais diferentes e divertidos. Eu estava sentada na grama de um grande parque verde e silencioso. Contemplava cada movimento dos pássaros da árvore da frente e esses incríveis animais cantavam uma melodia que nenhum homem conseguiu fazer mais bonita. Era uma linda manhã, apesar da falta de sol, e o melhor: eu não estava sozinha.
Ele segurava minha mão e sussurrava palavras cheias de poesia. Me mostrava a vida pela sua visão e eu concordava com alegria. Eta vida besta, meu Deus. O amor me alienava porque tudo era lindo, romântico e perfeito. E eu não ligava de me entregar por completo a essa ausência de realidade. Não existia mais fome, miséria ou destruição. Só me interessava por versos, letras e violão...Toda música me lembrava ele e seus gestos, seu sorriso. Cada beijo e aproximação. Meus dias eram dele e meu tempo era recheado de pensamentos surreais sobre nós dois. Eu cuidava com devoção da árvore que ele tinha me dado, e de tanto regá-la, com medo dela morrer de sede, acabei por afogá-la. Nenhum dos meus amigos me reconhecia mais. Vivia no mundo da lua, pensando...nele. Meu pensamento crítico tinha ido por água abaixo e isso não podia ser saudável. Quando uma grande amiga me abriu os olhos, eu enxerguei. Eu vi o quanto eu estava errando. Precisava de um pouco de racionalidade. E ao mudar meu modo de viver meus dias, eu percebi que ele não estava no meu ideal de futuro. No momento presente, eu o amava, ele me fazia rir. Irracionalmente, nosso relacionamento era um conto romântico. Mas teve um final realista. Nosso relacionamento durou bastante. Mais do que os outros imaginavam e menos do que eu idealizava. Foi uma transição longa até vermos que não dava mais. Quando eu tive coragem, ele se tornou meu ex-namorado. Ainda admiro ele, torço por ele, desejo sempre o melhor pra sua vida. E eu não era o melhor pra vida dele...Ele também não era o melhor pra mim. Daí o fim.
Depois de um período sozinha, tentando me curar das lembranças que ainda tinha com ele, lá estava eu de novo. Sentada num outro parque, e este era deslumbrante. Dei um suspiro de felicidade e satisfação por poder estar desfrutando daquele dia. Dessa vez estava sol, mas não muito quente. Uma brisa leve desarrumava meu cabelo, mas aí eu tinha ele, que olhava pra mim rindo e fazia eu ver novamente, ao tirar aquelas mechas do meu cabelo. Eu sorria em agradecimento e torcia para vir outro vento, só para que ele tocasse meu rosto novamente, com aquele jeito todo gentil. Agora, com coração e razão, eu amava mais uma vez. Os pássaros cantavam em alto e bom som uma canção de amor. Aquela era nossa música: a natureza. E naquela toalha de piquenique gastei muitos de meus fins de tarde e começos de manhã, na companhia do nascer de sol.
E mesmo depois de muito tempo eu não cansava de estar ao seu lado, nós nos dedicávamos a um futuro juntos e não podia ser melhor. Com ele, tenho certeza, serei feliz. Ixi, ele acabou de chegar. Deixa eu ir lá ver um filme com ele e colocar em prática esse sentimento perfeito que é o amor.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Desenho Infantil

Ontem quis escrever alguma coisa, então escrevi isso. Mas lendo e relendo vi que me faltou muita inspiração. De qualquer forma vou postá-la, somente para atualizar meu espaço. =D Na próxima vou caprichar, blz? haha. Uma história sem final feliz..tentei colocar um final feliz, mas achei mais fácil terminar desse jeito (parece até como algumas pessoas enfrentam a vida real: pelo cominho mais fácil. Só que nem sempre o caminho fácil é o melhor, ahm! Além disso, a música 'Pulsos' da Pitty não saía de minha mente..é uma crônica para a música. Enfim:
"Ela era o tipo de menina que não podia ser definida verdadeiramente se não se conhecesse ela por completo. Por fora, uma pessoa normal, um pouco séria, com pouca expressão, sem sal. Por dentro, um poço de mistérios, cheia de pensamentos negativos sobre a vida, tendo um passado triste de bagagem. Ela sempre achou que o amor era um jogo a se perder sempre. Por isso se fechou completamente depois de várias mágoas: situações que fizeram com que ela perdesse a confiança em si mesma.
Ela já tinha pensado várias vezes em tirar a própria vida, mergulhada em pensamentos depressivos e inspirada por outras histórias. Sua família parecia não dar a mínima. Os pais eram divorciados, viviam dando atenção à própria vida pessoal, ao invés de cuidarem de proteger aquela que estava ficando aos poucos de lado. Não tinha irmãos, o que piorava a situação. Os únicos amigos tinham ficado num passado não muito distante, no antigo colégio, e parecia ser uma tarefa impossível conquistar novas amizades.
Ela já tinha perdido a esperança em algum ser superior. De tanto suplicar por dias melhores, se cansou. Seu coração tinha sido esmagado e dilacerado tantas vezes que já era impossível reconstruí-lo. Não via mais sentido em estar ali. Ela estava sobrevivendo ao invés de viver em felicidade e luz.
Numa manhã sem aula ela ligou a tv entediada. Estava passando um desenho infantil bobo. Mas as simplicidades dos diálogos, a comédia por trás daquilo tudo e a falta de lição de moral a fizeram rir. E olha que ela não sorria fazia muito tempo. Saiu até um som meio estranho daquela pequena gargalhada. Talvez ela precisasse sorrir mais... Só faltavam-lhe motivos reais.
Aquele desenho foi transformando o rosto daquela menina, e ali, naquele sofá velho, ela voltou a ser apenas uma criança sem consciência do mundo. Cada expressão facial da personagem na televisão arrancava-lhe um novo sorriso. E tudo parecia simples. Quando o desenho foi encerrado para dar lugar a um programa chato de música, ela caiu na real. Apertou o botão de desligar com tanta força que parecia que ia esmagar o controle remoto com apenas um clique.
Ficou revoltada em ter seu momento divertido interrompido por um programa infeliz de músicas da moda e pessoas com máscaras de felizes. Pra ela, um bando de embestalhados, robôs controlados pela chance de aparecer naquela tela pequena.
Ela tomou seu próprio destino, para desespero de seus pais, que antes distantes quilometricamente dela, agora estavam mais próximos do que nunca. Desmanchavam-se em lágrimas, juntamente com seus antigos amigos, que ainda a amavam apesar de terem perdido contato. Ela queria descanso, e achou ele ao tirar a própria vida. Antes de concretizar isso, ela pediu aos céus que o outro lado fosse cheio de desenhos infantis, um paraíso, uma felicidade. Estava cansada do filme de terror que era a vida real."

sábado, 27 de outubro de 2007

Homenagem aos separados pela distância

Dia de sol. Muito sol, muito calor, muita umidade. Lá estava ele, dentro do ônibus, derretendo em meio aos passageiros. O trocador barbudo e mal-humorado passava a cada dois minutos um lenço sujo e nojento em volta do rosto e alguns passageiros olhavam com olhar de reprovação. O trânsito não podia estar pior e não havia lugar para sentar. A mulher sentada na janela próxima a ele estava com um casaco rosa, sem nenhuma expressão de desconforto e com a janela fechada. Não podia ter menos sorte. Uma mancha de suor já começava a formar nas suas costas e tudo mostrava que ia ser um dia difícil. Não tinha muitas nuvens no céu e não ventava..nem uma brisa, um sopro, um consolo.
Dia de chuva. Muita chuva, muito frio, muita umidade. Lá estava ela, dentro do metrô, olhando aquelas pessoas encolhidas pelo frio cortante. Algumas exibiam casacos exuberantes e outras se vestiam do jeito que dava, sobrepondo peças de roupas. No fundo, ela adorava esse clima frio, a chuva cheia de melancolia. O problema é que o dia não tinha começado tão bem como ela esperava. Toda quarta-feira era um dia de muita expectativa: as melhores disciplinas na faculdade, não precisava acordar tão cedo e era o começo do fim da semana. Ela tinha saído em tempo de casa, e se não fosse aquele motorista estúpido que banhou sua perna com aquela poça suja de água, era para ser um dia agradável.
Depois dos dois se sentarem na cadeira da universidade e colocarem o pensamento em ordem, ele pensou nela. E ela pensou nele. E relembraram com um sorriso um tempo ótimo que viveram. Logo o sorriso foi cortado pela saudade, aquela bem famosa, que aperta o coração, quase deixando sem fôlego. Os pensamentos eram mútuos: declarações de que queriam estar juntos naquele momento. Ao mesmo tempo, pegaram o celular. Não deram atenção às pessoas em volta, só queriam expressar seus sentimentos em palavras ou em algo mais concreto que um pensamento. Ela pensou um pouco e escreveu um grande 'QUERIA ESTAR AO SEU LADO NESSE MOMENTO' e assinou com o apelido que ele deu a ela. E ele desenhou na folha de caderno dois bonequinhos que representavam os dois, de mãos dadas, e um coraçãozinho pintado de vermelho entre os dois. Com um 'saudade' escrito embaixo. Tirou uma foto com o celular e enviou.
Quando os dois torpedos chegaram, abriu-se um sorriso bobo em ambos os rostos. Eles sabiam que agora podiam seguir o dia em paz. Antes um dia super desagradável, com uma onda de calor insuportável, agora parecia tudo lindo e perfeito pra ele. E para ela, o dia chuvoso e sua calça molhada não pareciam mais tão escuros e chatos, apenas românticos e imprevisíveis. Os pensamentos simultâneos se multiplicaram durante todo resto do dia e a vida dos dois não podia estar tão conectada se estivessem perto. A distância fez bem, apesar de todo lado negativo. E se distantes estavam bem, pertos estavam melhor ainda. Mal podiam esperar por um futuro juntos, e o medo já não assustava tanto. Amadureciam juntos e aprendiam como viver sem muito contato. Estava tudo bem e continuaria assim por muito tempo.
Vieram muitos outros torpedos e contas altas de telefone. Mas o mais importante eram as palavras que marcavam o que sentiam um pelo outro. E isso era inapagável, inesquecível e sem preço. Os esforços de compensar a distância fizeram somente que o amor aumentasse e todos dias chuvosos pareciam ensolarados. E os dias quentes pareciam frescos. O que o amor não faz, hein?

sábado, 20 de outubro de 2007

Um outro lado da história

Incrível como a gente se engana em relação às pessoas. Ou é aquela amiga que fala mal de você pelas costas, ou é aquele cara que era o máximo até você descobrir realmente quem ele é. O verdadeiro segredo é como reagiremos às coisas ruins da vida. Como reagiremos àqueles que amamos e que nos magoaram?
Eu tenho uma amiga que é queridona por todos. Ela não agüenta guardar segredos sobre ela mesma (como ela mesma admitiu), mas se você contar um segredo pra ela, vai morrer no pensamento dela. É o tipo de pessoa que por ser tão livre e de bem com a vida, não acha necessário perder muito tempo sozinha. Ela quer mesmo é aproveitar essa fase da vida, conhecer as melhores pessoas e ter muita história pra contar. O coração dela não gosta muito de domesticação e, na verdade, nunca se prendeu muito a ninguém, só a certas pessoas: sua família e seus amigos. Ela é do estilo ‘bola pra frente’ e ‘felicidade sempre’. Talvez seja isso o que eu mais admiro nela, e o melhor de tudo é que essa felicidade exposta não é uma máscara, nem algo momentâneo...Eita, pessoa de sorte. São poucos que podem se dizer realmente felizes.
Num período de inverno, essa minha amiga estava num relacionamento muito animador, tudo parecia flores e cor, e a torcida organizada estava sempre satisfeita com o sorrisão da nossa amiga e todo pacote que vinha com essa felicidade extrapolada. O mais importante é que o coração dela estava quase lá. Quase se entregando. Quase querendo se prender. Mas como num filme de reviravoltas, me diga: o que é a vida sem surpresas? A desagradável surpresinha foi o seguinte: quando ela menos esperava, aquela pessoa, aquela que fazia ela sorrir, aquela que quase alcançava seu coração (quase porque é algo muito difícil de fazer), aquela pessoa a decepcionou. E não é decepção por causa de um esquecimento, ou por causa de alguma falha mínima. Quem deras se fosse algo tão fácil de ser esquecido que era só dormir e depois acordar e aí estaria tudo perfeito.
Um cara chamado Robert Louis Stevenson um dia disse que “As mentiras mais cruéis são ditas em silêncio.” Foi mais ou menos isso que aconteceu. Uma omissão. O coração da minha amiga estava em jogo, e todos aqueles sentimentos que estavam começando a brotar simplesmente foram esmagados com crueldade. E todo futuro que poderia vir com muita alegria foi tirado rapidamente de cena. Como um final de novela sem graça, ela, a mocinha da história, se deu mal.
Mas aí me pergunto: será que ela se deu mal mesmo? Talvez esse rompimento não tenha sido a melhor coisa a acontecer? Talvez tenha vindo em hora certa, ou não? Pensamentos negativos vivem repetindo, como em uma vitrola velha e quebrada, que talvez tenha sido uma ótima oportunidade perdida ou que por ser magoada nessa situação, minha amiga não voltará a se entregar novamente.
O negócio é que só Deus sabe o que o futuro reserva. Se Ele tem uma pessoa dez vezes melhor pra minha amiga, qual o problema em abrir o caminho? Se você não acredita em Deus, meu amigo, então que seja o destino. O destino que todos falam e acham que acreditam. Se tem algo bem melhor lá na frente, melhor seguir realmente a filosofia do ‘bola pra frente’ e sigamos. Ser otimista é ver que as situações atuais, não importa o quão escuras pareçam, são reles vivências que serão lembradas com risadas no futuro.
Porque lá na frente, essa minha amiga encontrará alguém que realmente mereça ela. E terá tanto sorriso que não caberá no rosto dela. Apoiada?

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Depois de um dia melancólico

Término do dia. Lá foi ela encostar na varanda, como usualmente fazia naquela hora, para refletir sobre aquela vista sem-graça de sempre. Ao olhar por aquele ângulo, só se via a sua rua, calma e vazia, e o que salvava naquela paisagem era uma exuberante árvore, que estava sempre disposta a dar ‘bom dia’ e ‘boa noite’ a quem a contemplava. Com seu prato de biscoitos doces na mão, pensou um pouco sobre como seu dia tinha sido insignificante, comparado aos que antes lhe sobrevieram. Estava um pouco cansada de tanta superficialidade, de tanta gente mesquinha que impregnava seu ambiente de trabalho. Olhou para seu cachorro, um gordo e feliz beagle, e pensou que talvez seria ele, esse ser carinhoso, o único amigo dela. Ficou triste por saber que tudo ali parecia muito temporário e breve. Tentou esvaziar a mente e beliscou os biscoitos sortidos..jogou um pedaço pro seu beagle, que fez uma cara tão grande de satisfeito que parecia que tinha ganhado o mundo. Ela sorriu diante de tamanha felicidade demonstrada pelo cachorro e desejou que as coisas fossem tão simples assim pra ela também. Mas não queria ficar triste durante aquele resto de dia. Apesar de tudo e todas as circunstâncias colaborarem para isso, ela viu que talvez tudo poderia ser apenas tempestade. E que o que ela precisava mesmo era de uma viagem para uma bela praia a fim de refrescar a mente, a alma e o corpo. Quem sabe não arranjaria grandes amizades ou reencontraria aquele grande amor da vida dela? Começou a procurar vários panfletos de propaganda de hotéis que ela tinha guardado em uma caixa de sapato velha, no fundo do armário. Folheou todos e descobriu um perfeito: no nordeste brasileiro, uma bela pousada com uma rede na varanda, sombra e água fresca todo dia. Em frente a praia de águas límpidas e imensos coqueiros. De quebra, permitia animais. Deu um pulo de alegria e esqueceu a melancolia que há 10 minutos atrás arrematava sua felicidade. Pegou o telefone e agendou tudo pro feriado mais próximo. Ligou pra aquela sua amigona, que estava a quilômetros de distância, e que fazia muita falta a ela. Fez um convite inusitado e ficou surpresa de sua amiga ter aceitado de prontidão! Tudo estava perfeito agora. Mal podia esperar para reencontrar aquela amizade, relembrar os bons tempos (aqueles que não voltam mais haha), jogar baralho acompanhado de vinho até de madrugada e rir até ficar sem ar.
Passou a levar os dias seguintes com mais tranqüilidade, até arriscava uns ‘bom dias’ para estranhos e ria baixo quando imaginava como aquele feriado ia mudar seu humor. Sem perceber, essa viagem já tinha mudado muito de seu jeito de encarar o dia-a-dia, mesmo sem ter acontecido ainda. Quando chegou o dia da viagem, ela mal conseguia se segurar. Jogava, com muito esforço, seu beagle pra cima e pra baixo, rolava com ele no tapete e gritava da varanda pra todos ouvirem: “Vou viajar pra longe desse lugaaaar!! Sintam minha falta, ó seres insignificantes!!” Seu beagle tava achando aquela cena muito engraçada, e ficava latindo e olhando pra sua dona, que estava mergulhada num lapso de loucura momentânea.
Ela parou e olhou pra ele com uma serenidade incomum. Agachou, olhou nos olhos de seu melhor amigo e disse: “Se prepare, sr. Beagle gordo, vamos pra terra do nunca, pra ilha perdida, pra praia de lost!” Ele não podia ficar mais feliz..pulou em seu colo e lambeu todo seu rosto, como se tivesse entendido a mensagem.
O mais importante foi que ela percebeu naquela hora que a felicidade estava ali e agora, e que os dias seriam melhores se ela soubesse levá-los daquele jeito: tendo em mente um futuro feliz... Seja este futuro uma simples viagem ou uma vida abundante e cheia de significado pela frente.

domingo, 7 de outubro de 2007

"O Bom Travesti" de Rubem Alves

E perguntaram a Jesus: "Quem é o meu próximo?" E ele lhes contou a seguinte parábola:
Voltava para sua casa, de madrugada, caminhando por uma rua escura, um garçom que trabalhara até tarde num restaurante. Ia cansado e triste. A vida de garçom é muito dura, trabalha-se muito e ganha-se pouco. Naquela mesma rua dois assaltantes estavam de tocaia, à espera de uma vítima. Vendo o homem assim tão indefeso saltaram sobre ele com armas na mão e disseram: "Vá passando a carteira". O garçom não resistiu. Deu-lhes a carteira. Mas o dinheiro era pouco e por isso, por ter tão pouco dinheiro na carteira, os assaltantes o espancaram brutalmente, deixando-o desacordado no chão.
Às primeiras horas da manhã passava por aquela mesma rua um padre no seu carro, a caminho da igreja onde celebraria a missa. Vendo aquele homem caído, ele se compadeceu, parou o caro, foi até ele e o consolou com palavras religiosas: "Meu irmão, é assim mesmo. Esse mundo é um vale de lágrimas. Mas console-se: Jesus Cristo sofreu mais que você." Ditas estas palavras ele o benzeu com o sinal da cruz e fez-lhe um gesto sacerdotal de absolvição de pecados: "Ego te absolvo..." Levantou-se então, voltou para o carro e guiou para a missa, feliz por ter consolado aquele homem com as palavras da religião.
Passados alguns minutos, passava por aquela mesma rua um pastor evangélico, a caminho da sua igreja, onde iria dirigir uma reunião de oração matutina. Vendo o homem caído, que nesse momento se mexia e gemia, parou o seu carro, desceu, foi até ele e lhe perguntou, baixinho: "Você já tem Cristo no seu coração? Isso que lhe aconteceu foi enviado por Deus! Tudo o que acontece é pela vontade de Deus! Você não vai à igreja. Pois, por meio dessa provação, Deus o está chamando ao arrependimento. Sem Cristo no coração sua alma irá para o inferno. Arrependa-se dos seus pecados. Aceite Cristo como seu salvador e seus problemas serão resolvidos!" O homem gemeu mais uma vez e o pastor interpretou o seu gemido como a aceitação do Cristo no coração. Disse, então, "aleluia!" e voltou para o carro feliz por Deus lhe ter permitido salvar mais uma alma.
Uma hora depois passava por aquela rua um líder espírita que, vendo o homem caído, aproximou-se dele e lhe disse: "Isso que lhe aconteceu não aconteceu por acidente. Nada acontece por acidente. A vida humana é regida pela lei do karma: as dívidas que se contraem numa encarnação têm de ser pagas na outra. Você está pagando por algo que você fez numa encarnação passada. Pode ser, mesmo, que você tenha feito a alguém aquilo que os ladrões lhe fizeram.
Mas agora sua dívida está paga. Seja, portanto, agradecido aos ladrões: eles lhe fizeram um bem. Seu espírito está agora livre dessa dívida e você poderá continuar a evoluir." Colocou suas mãos na cabeça do ferido, deu-lhe um passe, levantou-se, voltou para o carro, maravilhado da justiça da lei do karma.
O sol já ia alto quanto por ali passou um travesti, cabelo louro, brincos nas orelhas, pulseiras nos braços, boca pintada de batom. Vendo o homem caído, parou sua motocicleta, foi até ele e sem dizer uma única palavra tomou-o nos seus braços, colocou-o na motocicleta e o levou para o pronto socorro de um hospital, entregando-o aos cuidados médicos. E enquanto os médicos e enfermeiras estavam distraídos, tirou do seu próprio bolso todo o dinheiro que tinha e o colocou no bolso do homem ferido.
Terminada a estória, Jesus se voltou para seus ouvintes. Eles o olhavam com ódio. Jesus os olhou com amor e lhes perguntou: "Quem foi o próximo do homem ferido?"

domingo, 30 de setembro de 2007

We are more than dust

Tem pequenas coisas que acontecem na nossa vida que realmente fazem a diferença. Já pensaram nisso? É aquela música que você ouve no momento certo, aquele amigo que te dá o melhor abraço do mundo, aquele pedaço de doce que tira seus pés do chão...
Teve um dia que eu estava indo pro pré-vestibular. Para mim era o momento mais triste do dia: ter que acordar da minha querida e reconfortante cama para ir pro frio daquela sala. E não era só frio de temperatura... era a impessoalidade dos professores, era a superficialidade dos amigos, era a pressão constante para elevar o nome da escola. Tudo era frio. O que me confortava era a presença de alguns pássaros lindos e divertidos que ficavam sobrevoando o pátio, que pareciam estar ali para mim. Como se Deus os mandassem para dizer: ‘Ei, calma, isso daqui a pouco acabará e valerá a pena todo sacrifício.’ Dito e feito. Enfim, durante esse momento de martírio, durante essa ação de ir pra aula, tocou uma música dentro do carro, da década de 70 (ou pelo menos parecia ser dessa época). E ela dizia assim: ‘Don’t you worry about a thing..don’t you worry about a thing’. Isso elevou meu dia. Foi uma coisa de 3 segundos e faz mais ou menos um ano desde aquele dia. Inesquecível. Tem momentos que parecem tão insignificantes quando contados, mas que na realidade, tocam profundamente a vida de quem o presenciou.
Aí tem aquela amiga que sempre quando te encontra abre o maior sorriso do mundo, te abraça, te beija, te faz bem, brinca e se diverte...esses momentos são os melhores. É quando você sabe que é bem-vinda e que pode falar qualquer besteira, rir sem medo de ser feliz e demonstrar sentimentos sem medo ou constrangimento. Quando você encontra um lugar assim, não tem como mais querer largar. E a Deus agradeço meus amigos que me fazem bem. Sejam eles aqueles de domingo ou do dia-a-dia.
Têm também aqueles momentos um pouco insanos. Quando você sabe que está se arriscando, mas que sabe que é o momento certo de extrapolar. Seja naquela música que você precisa dançar (mesmo sendo a pessoa mais desajeitada ou insegura do universo) ou aquele segredo que falado calará (excuse me tribalistas). Nunca vou me esquecer do dia em que eu dancei sem vergonha dos olhos dos outros. Porque eu sabia que estava dançando pra pessoa certa e no momento certo. E me divertindo muito muito muito, junto com meus amigos. Nossa, é divertido só de lembrar. E nunca vou esquecer de quando eu abri uma parte da minha intimidade para quem merecia saber mais de mim. Porque é ótimo saber que existem pessoas que aceitam as diferenças, e que por incrível que possa parecer aos seus olhos, possam te respeitar mais ainda por alguns de seus atos insanos.
São esses pequenos momentos que enriquecem a nossa vida. Não vamos desperdiçá-los como se somente grandes eventos acrescentassem à nossa vida (como passar no vestibular, começar a namorar, ganhar a Copa do Mundo ou algo desse tipo), porque a vida é curta demais para ter esses pequenos momentos esquecidos.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Essa é minha ^^

Naquele dia chato de chuva, lá estava ela. Parada em meio ao verde estonteante da Universidade, de olhos fechados, no meio do caminho, como se não existisse. E com ela, a chuva, quase tempestade. Não se importava com os barulhos em volta, o som dos passos apressados dos retardatários ou a conversa alegre de um fim de dia. Mesmo rodiada por meia multidão, estava ela ali sozinha com ela mesmo. Naquele momento frio, pensou um pouco sobre a vida e todas as questões que infestavam sua cabeça. Deus, homens, mulheres, acontecimentos, fim do mundo, injustiça. Passeando por reflexões profundas e outras superficiais, pensou sobre aquele beijo do dia de ontem que não significou nada pra ela e que não passava de mais um arrependimento de sua vida. Até que pensou nele. É, nele...aquele que há tempos tinha roubado seu coração e agora despedaçado não pertencia a mais ninguém. Enquanto pensava em seu passado, levantou sua face em direção ao céu e deixou que a chuva molhasse devagar todo seu rosto e corpo, sem pressa. Sentiu cada gota de chuva que consumia a cor de suas vestes e desmanchava o frescor de seu cabelo. Pensou que ele poderia ser a chuva, que a envolvesse completamente e tocasse seus lábios com tanta leveza e determinação. Até que caiu em si, e olhou em volta. Sentiu vergonha de seus sentimentos tão expostos a ninguém. Suas bochechas coraram, respirou fundo e andou rumo a nada. Pediu a Deus, em pensamento, mais momentos como aquele. Mas implorou para que Ele fosse mais generoso e num próximo momento, acrescentasse ao espaço de tempo aquele ladrão de corações.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Depois de uma autorização, mais uma crônica..

Ela, essa minha amiga, era a menina mais feliz que já conheci. Nunca pensei que qualquer fato que acontecesse pudesse fazê-la sorrir mais. É... Eu estava bem enganada.
Dentre nossas monótonas, mas às vezes excitantes, aulas da universidade, tínhamos aquele hábito de ir àquele recinto pequeno, mas bem simpático: a cantina. Nossa universidade tinha várias, mas essa era a mais perto de nossa sala, e não nos importávamos de comer a vontade aqueles pães de queijo do dia de ontem e os maravilhosos sucos de fruta. Mas é fato que aquela cantina tinha um atrativo a mais! Os atendentes, universitários como nós, eram muito simpáticos e sorridentes. Um prato cheio para nossos olhos, que se cansavam de ver gente estressada e carrancuda em sala de aula (incluindo os professores) e toda aquela gente mal-amada correndo para lá e pra cá sem fé na vida. Lá, naquela cantina, estavam eles, totalmente felizes, mesmo com tantos pedidos simultâneos gritados pelos impessoais e esfomeados estudantes. A gente nunca tinha entendido de onde vinha aquela alegria contagiante. Toda vez saímos de lá com uma nova força para encarar a aula... Seria por causa da fome saciada ou pela injeção de energia dada pelos atendentes? É um mistério. Mas voto na segunda opção.
Engraçado, dentre os atendentes, um se destacava mais! Era moreno, tinha um estilo despojado próprio, sempre sorrindo, nunca parecia se cansar de entregar os pedidos...corria pra lá e pra cá com uma disposição de dar inveja a qualquer sedentário. E foi ele. Ele que chamou atenção dessa minha amiga. Todas de nosso grupo concordávamos que ele era, de fato, uma gracinha. Mas ela não queria só isso! Queria conhecê-lo melhor, ver ele sem que um balcão os separasse. Não foi muito difícil que ela chamasse também a atenção dele. Ela era...esvoaçante! Cabelos cacheados sempre bem-cuidados, óculos de grau charmosamente encaixados em seu rosto, traços delicados e um sorriso maior que o mundo. Aos poucos ela foi se aproximando dele, com o apoio de todos, mas eu especialmente torcia por ela. Via nela muito potencial! Aquela inquietação toda, que saltava-lhe aos olhos, já fazia parte da rotina dela, e até de sua história de relacionamentos. A não-conformação com os acontecimentos do mundo, a inquietação no seu sentido bom, se encaixava perfeitamente em seu estilo de vida. Mas não me parecia bem que a inquietação também se impregnasse em sua vida particular. A paixão em si, longa e duradoura, ou pelo menos a firmeza de se gostar por muito tempo de alguém, combinava mais com ela. Essa afirmação não é uma opinião vinda de mim ou um devaneio que eu goste de pensar e ter em mente. Pra mim, é a realidade. Na verdade, se eu tivesse um poder controlador (ou algum poder especial, me contento com isso) sairia infiltrando paixão e consciência em todos, com uma pitada de racionalidade e um bocado de tranqüilidade. Era isso que eu queria fazer com essa minha amiga. Não demorou muito desde que eu a conheci para que isso acontecesse, mesmo sem eu ter nenhum poder sobre a vida dela. Bom, ela não sabe o quanto isso me trouxe tranqüilidade. Odeio ver vidas desperdiçadas com relações superficiais e desejos controláveis não-controlados. Mas essa opinião eu deixo pra outro dia.
A boa-nova é que eles, o atendente e minha amiga, se conheceram de verdade. Parecia óbvio que os dois combinavam, mas ninguém tinha certeza de verdade. Para nosso contentamento, isso foi confirmado por ela. E acho que por ele também. Ele não tinha medo de mostrar sua admiração por ela e ela fazia o mesmo com ele, mesmo que de um jeito meio descontrolado e abobalhado. Ele não ligava, adorava tê-la em seu lado, era como se os dois tivessem realmente (desculpe-me o ridículo clichê) nascidos um para o outro. Ir à cantina ou não passou a depender do humor de nossa amiga. Quando eles estavam bem um com o outro, lá íamos nós, o bando, ser feliz alimentando nossa preguiça. Quando acontecia um pouco de babaquice emocional ou falaçãozite (Bridget Jones, pode me processar pelo uso sem permissão de seu vocabulário!), lá íamos nós, fiéis escudeiras, à cantina do outro lado do mundo, não menos gostosa que a primeira (mas desfalcada de atendentes sorridentes). Foi assim que a gente acompanhou o relacionamento dos dois, entre um intervalo e outro, entre idas à cantina e aulas cabuladas. Dividindo o tempo de assunto entre nossos próprios relacionamento e a vida de nossa amiga, íamos formando aquela torcida organizada para que os dois dessem sempre certo.
Queria eu dizer que no final o relacionamento deles ficou muito bem mesmo, alegrando toda a torcida e ganhando força cada vez maior, sendo sustentado pelos fortes sentimentos recíprocos. Sendo assim, o relacionamento dos dois só ia terminar num horizonte muito distante, quase invisível. Mas não foi isso que aconteceu.
Eu poderia escrever aqui que, agora no futuro, a inquietação da minha amiga atrapalhou um pouco, porque ter um coração indomável era seu destino eterno. E entre um e outro relacionamento fracassado ela lembrava com saudade do menino da cantina. Aquele que, pelo menos por um momento, tirou-lhe horas de sono e estudo em troca de sorrisos e afagos. Mas também não foi isso que aconteceu.
Essa crônica acaba por aqui, e o destino do relacionamento dela eu coloco nas mãos dessa minha amiga, nada mais que minha personagem, na esperança de que mesmo ela sendo apenas uma mera personagem, ela saiba usar todo seu potencial com responsabilidade e paixão pelas pessoas de sua vida.
Eu, como uma coadjuvante escritora, torço para que no fim, eu ainda veja muitos sorrisos na vida dela, não importando se a razão deste seja o menino da cantina, o menino da praia, o menino da biologia ou qualquer outra coisa que a faça sorrir mais que o normal. [baseada em fatos reais. =X]

domingo, 23 de setembro de 2007

Um post com cara de blog mesmo

Ontem vi um filme que me fez refletir.. Aquele chamado 'Eu os declaro marido e...Larry!'. Pensei que seria somente um filme de besteirol, mas acabei de deparando com uma grande mensagem pró-homossexuais. Achei legal isso, alertar as pessoas sobre o constante preconceito que praticamos. Podem falar mal da igreja, mas a sociedade toda está inserida nesse contexto. Poucos estariam dispostos a ser amigo de alguém com opção sexual diferente. A vilã sempre é a igreja né e ninguém liga para o preconceito que os próprios cristãos praticantes sofrem, mas não vim falar disso hoje. O negócio é que o mundo todo traz junto consigo uma história de exclusão, os ateus, os católicos, os evangélicos, aqueles que não sabem o que são, todos!
Fiquei assustada com o 'tapa' que eles deram na cara da igreja, cuja posição atual é de, realmente, preconceito. Não é culpa da 'igreja', a culpa é nossa! Cristãos! Não tem coisa mais infeliz do que ver gente falando que tem nojo, que evita, que não quer nem saber...Pô, ninguém consegue ver o lado deles? Será que é tão difícil se colocar no lugar deles com tudo o que eles sofrem?
Quanta polêmica né...o que é natural do ser humano, o que não é? O que Deus acha disso tudo? Bom, uma coisa eu sei. Há a liberdade. Há o livre-arbítrio. Se a gente não conseguir conviver com pessoas diferentes, de opiniões diferentes, isso só diz uma coisa sobre nosso caráter: falta-nos amor. Por que é tão difícil amar quem tem diferente ponto de vista comparado com o nosso? Parece que taparam-nos os olhos e agora vivemos enfurnados na nossa própria razão mal-formada.
Se você se diz cristão, ou seja, seguidor de Cristo, imitador de Cristo, trata de se esforçar mais pra ser como Ele. Porque tenho certeza que Ele não atiraria a primeira pedra. Ele simplesmente amaria e o que vem depois disso é conseqüência, como aconteceu com a mulher adúltera ou todos os marginalizados da época.
O verdadeiro cristianismo não é excluidor, não é preconceituoso.
Leia muito, converse muito com Ele e viva, sem concordar com tudo, mas tendo em mente a pergunta 'O que Jesus faria?'.
No resto, vamos com Deus e sejamos felizes.

domingo, 26 de agosto de 2007

Lição de Árvore [Valéria Piassa Polizzi]

Assim eu a chamava, "a minha árvore", linda, alta, forte, imponente. Estava lá desde o dia em que mudamos para aquele apartamento, bem em frente à janela do meu quarto, no sexto andar. Durante o dia eu a olhava banhada pelo brilho do sol. E, também, à tarde, quando chegava a hora de ele se pôr, deixando o céu todo tingido de cor-de-rosa alaranjado, como se já estivesse com saudades. Lá permacia ela, imóvel com suas profundas raízes que eu só podia imaginar e que me faziam crer que jamais me deixaria.
Nas noites de lua cheia e céu estrelado, eu gostava de ficar horas sentada apreciando o contorno dos seus mil galhos em forma de uma mão gigante e aberta. Parecia até que ela estava ali para amparar e proteger minha janela e quem mais estivesse lá dentro de cada.
Minha árvore - que, na verdade, nunca foi minha, porque as árvores não têm donos - ficava do lado do meu prédio. Um lugar abandonado, cheio de mato, plantas e outras árvores menores. Era a minha minifloresta, que deixava a conturbada São Paulo menos cinza, menos feia e morta.
Mas o terreno tinha dono e, um dia, soube eu, foi vendido. Iam construir uma mansão. E a minha árvore, o que seria dela? Será que alguém teria coragem de tirá-la dali? Se fôssemos índios, certamente, não. Entretando, há muito tempo deixamos de ser. Hoje, somos homens civilizados, que matam, derrubam e destroem. Traem a própria Mãe Natureza, para em seu lugar construir prédios escabrosos. Nós nos julgamos donos da Terra, esquecendo que somos filhos dela. Pensei em falar com o novo proprietário e implorar para que poupasse aquela árvore. Um discurso assim: "olha quanto bem ela faz a essa cidade!". Mas quem se importa? Hoje em dia, quem gasta um segundo do seu dia para namorar uma árvore? Que direito tinha eu de interferir em sua construção? Destruição...
E a minha árvore continuava ali, forte e majestosa, esperando por seu destino, guardando minha janela, enquanto eles limpavam o resto do terreno. Não, eles não teriam coragem de derrubá-la, aquela obrea de arte de Deus.
Um dia, cruzei um porteiro do meu prédio em frete ao terreno onde homens já trabalhavam.
- E aí, seu Zé, acho que essa árvore fica, não é? Ela é linda, seria loucura tirá-la daí.
- Que nada, menina, ela sai e logo. Já colocaram até veneno para a bichinha morrer. Vai comendo por dentro. Quando estiver toda seca, os homens chegam com os materiais e cortam.
Do chão, olhei para a minha árvore, seus troncos, seus galhos, suas folhas...Dali ela ficava maior ainda. "Ah, minha guardiã fiel, você está morrendo e nem me falou nada?" Procurei um traço de tristeza em seu semblante. Nem sinal. Ela era mesmo forte, morria com dignidade. Uma certa dignidade que só as árvores têm.
Dias depois, fui viajar. Fiquei meses fora, não vi quando cortaram a árvore nem quando foi arrastada dali. Melhor assim. Em seu lugar, hoje há uma bela casa com piscina, churrasqueira e jardim projetado.
Saudades? Muitas! Mas sinto que, de certa forma, ela ainda está aqui me protegendo, forte e viva dentro de mim. E, quando o sol brilha, ou tinge o céu de cor-de-rosa alaranjado, eu saio andando pelas ruas do meu bairro apreciando as árvores, esses seres tão calados que me dizem tanto. E agradeço: obrigada, "minha árvore", por ter me ensinado a amar e compreender.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Uma música

I just spoke silence with the seeker next to me
She had a heart with hesitant, halting speech
That turned to mine and asked belligerently "What do I live for?"
I see the scars of searches everywhere I go
From hearts to wars to literature to radio
There's a question like a shame no one will show "What do I live for?"
We are Hosea's wife
We are squandering this life
Using people like ladders and words like knives

CHORUS If

we've eyes to see If we've ears to hear
To find it in our hearts and mouths
The word that saves is near
Shed that shallow skin
Come and live again
Leave all you were before
To believe is to begin

There is truth in little corners of our lives
There are hints of it in songs and children's eyes
It's familiar, like an ancient lullaby
What do I live for?
We are Hosea's wife
We are squandering this life
Using bodies like money and truth like lies

We are more than dust
That means something
That means something
We are more than just
Blood and emotions
Inklings and notions
Atoms on oceans

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Meu aniversário!
[na verdade, acabo de escrever isso em 01 de abril de 2008..longa história]

domingo, 29 de julho de 2007

Por Vinicius de Moraes

"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, ou se recusa a participar da vida humanda. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, e que não dá a quem pede o que poder dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção, as que são patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."

sábado, 21 de julho de 2007

Algumas palavras...

21 de julho de 2007
Pra quem tiver paciencia de ler...^^
[tou colocando aqui mais como forma de armazenamento do que como forma de exibição]

"
Aquele sorriso não parava de saltar em sua mente. Cada rua, cada esquina, aquele sorriso. Tudo lembrava ela. Ele nunca pensou que um dia ia sentir tanta falta da presença daquela amizade, de um futuro relacionamento talvez. Aquele cheiro de frutas que lembrava seu perfume era tudo que precisava para enlouquecê-lo. Naquele momento ele se arrependeu de não ter aproveitado mais cada momento, cada abraço, cada conversa com ela. Naquele momento ele preferia a morte a não vê-la novamente. Chegou em casa atordoado, apressado pegou o telefone. Esboçou alguns números, errou a sequência e desligou. Não teve coragem. Respirou fundo, ela em sua mente. Olhou para a vista imensa de sua varanda. Contemplou a lua... preferiu a presença dela. Queria trocar a lua por ela. Queria trocar tudo por ela! Como demonstrar seu amor? Como fazê-la entender que a vida dele não tinha mais graça sem ela? A verdade é que não tinha mais sorrisos, aromas e sons sem ela. Sem ela não tinha mais vida. Quis escrever. Pegou um papel e uma caneta de ponta grossa e fez um rascunho. Escreveu alguns versos sem rima e jogou fora. Fumou um cigarro, queimou outra folha mal escrita. Percebeu que não ia desistir até colocar seu coração em palavras. Escreveu mais. Mais palavras sem nexo. Mais confusão, mais amor. Ele olhou para o rádio, o rádio olhou para ele. Colocou para tocar música dos anos 70. Aquela voz que cantava melodias calmas e palavras cheias de poesia encantou ele. Ela tinha presenteado ele com aquele disco! "Se essas palavras fossem delas para mim..." Abriu um sorriso. Prestou atenção na letra e copiou um verso:

"And in this crazy life
And through these crazy times
It's youIt's you
You make me sing
You're every line
You're every word
You're everything"

Escreveu mais um pouco sobre um coração apaixonado e assinou. Colocou sua alma em um envelope amassado e velho que tinha guardado. Escreveu o nome dela. Ahh que nome...nome que levou ele a suspirar. Correu em direção ao correio, que era bem próximo dali. Quase sem fôlego, enviou. Pensou que agora não tinha mais volta, então ótimo. Colocou nas mãos do destino a vida dos dois.
Não dormiu mais. Não vinha resposta. Nem um sinal de negação ou aprovação. Nenhum "eu também te amo" ou "sinto muito" ou "obrigada pelas palavras". Angustiado, coração apertado, ansiedade. 3 dias. 3 semanas. O tempo não curava aquela falta de retorno. Não pensava mais nela do mesmo jeito. Pensava em qual tinha sido sua reação ao receber por correio todos aqueles sentimentos embaralhados, mas sinceros. Perdeu a esperança. Bebeu tentando esquecê-la e adormeceu no sofá.
no outro dia, bem cedo, ouviu a campanhia e o som de passos apressados; acordou sonolento e deprimido. Abriu a porta: ninguém. Foi até o fim do corredor e sentiu uma coisa diferente. Aquele cheiro! Não podia ser verdade...correu atrás da esperança de que ela esteve ali. Voou pelas escadas até o saguão e não viu ninguém além de seu vizinho dando um "tchau" meio estabanado. Veio-lhe a mente o fato de que tinha que esquecê-la. Chega de ilusões. Destino? há. O destino...que destino o quê! Voltou cabisbaixo, dessa vez pelo elevador. Sentiu calor e um aperto no peito. Andou devagar pelo corredor, ainda sentindo aquele cheiro... sentimentos saltavam-lhe o coração de todas as formas. Levantou devagar seu semblante em direção a porta de seu apartamento. Ela. Ela!! Um silêncio profundo, quase constrangedor. Olhares cheios de intenções e desejos. Alguns passos dela em direção a ele. Os movimentos dele estavam congelados, paralisados. Não sabia o que fazer! Aproximou-se até que pudesse sentir a respiração dele. Olhou para seus olhos, contemplou sua boca. Um beijo. Aquele beijo. Um beijo que se traduzido em palavras contava a história dos dois em forma de versos rimados e ricos. Pura poesia. Ele deixou a chave cair no chão, nem percebeu. A bolsa dela se estatelou contra o assoalho. Quem se importava? Parecia uma cena de filme. Aquele momento durou a eternidade. Eles riam, não trocavam uma palavra sequer. Não desgrudaram mais. Só um sentimento reinava ali: a certeza de que naquele momento eles eram as pessoas mais felizes de toda face da Terra, de todo canto,de todo bar, esquina, faculdade, corredores, escadas. Ali, naquele corredor, uma coisa muito simples (simples uma ova): uma explosão de amor. "

quem sabe um dia trabalharei melhor no final do texto.. ou me cansarei e apagarei esse negócio pra sempre. Talvez ficará mofando por aqui e eu torcerei pra ninguém ler. Talvez torcerei pra que quem ler goste. Talvez, talvez.

;*

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Uma poesia de brinde

Uma poesiazinha bem simples que fiz em uns minutos durante uma aula de microbiologia...do nada uma vontade de escrever.
Aí deu nisso. [A meu ver, bem pobre, mas ok haha Gosto do ato de escrever do mesmo jeito.]

Tem dias que tudo parece escuro
Preto e Branco
Tem dias que a vida colorida
Enche as ruas de alegria

Dias de filme
Dias de chuva
Dias de aula

Tem dia pra tudo
Tem dias pra nada
Tem dias de música e carnaval
Tem dias de defunto, funeral

Mas uma coisa sei sobre os dias
Todo dia é dia de viver
Todo dia é dia de sofrer
Todo dia é dia-a-dia
Dia de choro
Dia de riso
Dia de contraste sem sentido.

Flávia Silva Martinelli - 26 de abril de 2007