domingo, 29 de julho de 2007

Por Vinicius de Moraes

"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, ou se recusa a participar da vida humanda. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, e que não dá a quem pede o que poder dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção, as que são patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."

sábado, 21 de julho de 2007

Algumas palavras...

21 de julho de 2007
Pra quem tiver paciencia de ler...^^
[tou colocando aqui mais como forma de armazenamento do que como forma de exibição]

"
Aquele sorriso não parava de saltar em sua mente. Cada rua, cada esquina, aquele sorriso. Tudo lembrava ela. Ele nunca pensou que um dia ia sentir tanta falta da presença daquela amizade, de um futuro relacionamento talvez. Aquele cheiro de frutas que lembrava seu perfume era tudo que precisava para enlouquecê-lo. Naquele momento ele se arrependeu de não ter aproveitado mais cada momento, cada abraço, cada conversa com ela. Naquele momento ele preferia a morte a não vê-la novamente. Chegou em casa atordoado, apressado pegou o telefone. Esboçou alguns números, errou a sequência e desligou. Não teve coragem. Respirou fundo, ela em sua mente. Olhou para a vista imensa de sua varanda. Contemplou a lua... preferiu a presença dela. Queria trocar a lua por ela. Queria trocar tudo por ela! Como demonstrar seu amor? Como fazê-la entender que a vida dele não tinha mais graça sem ela? A verdade é que não tinha mais sorrisos, aromas e sons sem ela. Sem ela não tinha mais vida. Quis escrever. Pegou um papel e uma caneta de ponta grossa e fez um rascunho. Escreveu alguns versos sem rima e jogou fora. Fumou um cigarro, queimou outra folha mal escrita. Percebeu que não ia desistir até colocar seu coração em palavras. Escreveu mais. Mais palavras sem nexo. Mais confusão, mais amor. Ele olhou para o rádio, o rádio olhou para ele. Colocou para tocar música dos anos 70. Aquela voz que cantava melodias calmas e palavras cheias de poesia encantou ele. Ela tinha presenteado ele com aquele disco! "Se essas palavras fossem delas para mim..." Abriu um sorriso. Prestou atenção na letra e copiou um verso:

"And in this crazy life
And through these crazy times
It's youIt's you
You make me sing
You're every line
You're every word
You're everything"

Escreveu mais um pouco sobre um coração apaixonado e assinou. Colocou sua alma em um envelope amassado e velho que tinha guardado. Escreveu o nome dela. Ahh que nome...nome que levou ele a suspirar. Correu em direção ao correio, que era bem próximo dali. Quase sem fôlego, enviou. Pensou que agora não tinha mais volta, então ótimo. Colocou nas mãos do destino a vida dos dois.
Não dormiu mais. Não vinha resposta. Nem um sinal de negação ou aprovação. Nenhum "eu também te amo" ou "sinto muito" ou "obrigada pelas palavras". Angustiado, coração apertado, ansiedade. 3 dias. 3 semanas. O tempo não curava aquela falta de retorno. Não pensava mais nela do mesmo jeito. Pensava em qual tinha sido sua reação ao receber por correio todos aqueles sentimentos embaralhados, mas sinceros. Perdeu a esperança. Bebeu tentando esquecê-la e adormeceu no sofá.
no outro dia, bem cedo, ouviu a campanhia e o som de passos apressados; acordou sonolento e deprimido. Abriu a porta: ninguém. Foi até o fim do corredor e sentiu uma coisa diferente. Aquele cheiro! Não podia ser verdade...correu atrás da esperança de que ela esteve ali. Voou pelas escadas até o saguão e não viu ninguém além de seu vizinho dando um "tchau" meio estabanado. Veio-lhe a mente o fato de que tinha que esquecê-la. Chega de ilusões. Destino? há. O destino...que destino o quê! Voltou cabisbaixo, dessa vez pelo elevador. Sentiu calor e um aperto no peito. Andou devagar pelo corredor, ainda sentindo aquele cheiro... sentimentos saltavam-lhe o coração de todas as formas. Levantou devagar seu semblante em direção a porta de seu apartamento. Ela. Ela!! Um silêncio profundo, quase constrangedor. Olhares cheios de intenções e desejos. Alguns passos dela em direção a ele. Os movimentos dele estavam congelados, paralisados. Não sabia o que fazer! Aproximou-se até que pudesse sentir a respiração dele. Olhou para seus olhos, contemplou sua boca. Um beijo. Aquele beijo. Um beijo que se traduzido em palavras contava a história dos dois em forma de versos rimados e ricos. Pura poesia. Ele deixou a chave cair no chão, nem percebeu. A bolsa dela se estatelou contra o assoalho. Quem se importava? Parecia uma cena de filme. Aquele momento durou a eternidade. Eles riam, não trocavam uma palavra sequer. Não desgrudaram mais. Só um sentimento reinava ali: a certeza de que naquele momento eles eram as pessoas mais felizes de toda face da Terra, de todo canto,de todo bar, esquina, faculdade, corredores, escadas. Ali, naquele corredor, uma coisa muito simples (simples uma ova): uma explosão de amor. "

quem sabe um dia trabalharei melhor no final do texto.. ou me cansarei e apagarei esse negócio pra sempre. Talvez ficará mofando por aqui e eu torcerei pra ninguém ler. Talvez torcerei pra que quem ler goste. Talvez, talvez.

;*