quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008


( Apesar de não saber como fazer isso, adoro desenhar. )
Conto a história desse desenho: Hoje. A caminho do Boulevard. Tempo semi-chuvoso. Guarda-chuva de bolinhas da vovó. Apertei o botão para abri-lo. Ele voou de minhas mãos (o impulso me assustou). "Isso é uma arma". Odeio desperdício de idéias. Flávia desenhando em casa. Ignorem-me. FIM.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Tributo a Aroldo II



No quarto quente e silencioso ela usava sua tesoura escolar preferida. Pacientemente ia cortando cada corda: se despedia da mi, dava outro adeus para lá e para si. E assim, de pouco em pouco, seu violão ia ficando nu. Ao ver aquele braço liso e empoeirado, ela sentiu que era hora de recomeçar. Depois de limpá-lo, abraçou-o com carinho e falou seu nome em um curto suspiro. Guardou-o com cuidado na capa e o carregou pela rua, como se estivesse de mãos dadas com um dos seus grandes amores.
Chegou ao seu destino. Ali ela ia gastar uma boa parte de suas reservas para melhorar seu amigo. Mas ela não sabia que era ali que ela ia consertar seu dia. “Um encordoamento completo de nylon, por favor – o melhor que você tiver”. Olhou para seu violão e deu um sorriso: poderia amá-lo a tarde toda depois que saísse dali. E foi o que aconteceu.
Agora afinado e com cordas novinhas, ela podia tocá-lo com paixão, relembrar-se das boas músicas, das suas próprias versões acústicas, do quanto era bom poder fazer cada acorde e como era delicioso perder horas e horas ouvindo o resultado dessa união. As melodias saíam seguidas umas das outras. Chega de sofrimento. Ela e seu violão bastam.