quinta-feira, 27 de março de 2008

Faithful - Brooke Fraser

Ontem fui tentar dormir sem sono, ouvindo Brooke Fraser. As músicas, que mais parecem orações, me conduziram a uma conversa franca com Deus. Lá estava eu, sentada de pernas cruzadas na minha cama, olhando para aquele céu estrelado (e estragado pela grande placa luminosa do Hotel Radicson – quem acha esse gigante bonito só pode estar drogado).
Como muitas de minhas orações, falei com Ele que não queria desperdiçar meus dias. Queria que tivesse algum sentido ir pra UFES, ver meus amigos, e que não dava para ser somente uma rotina... Eu quero fazer alguma diferença. Engraçado como uma declaração dessas pode fazer tanto efeito. Não consigo expressar o quanto me alegra saber que Deus está me ouvindo. Sabe quando você está falando com uma pessoa e você tem certeza que ela não está prestando atenção? Já faz alguns anos que encontrei alguém que me ouve sempre, mesmo quando parece que houve uma crise de surdez.
Hoje o dia foi muito bom. Eu nem precisei fazer esforços para falar da ‘pessoa’ mais importante da minha vida. Logo na primeira aula minha amiga me mandou um versículo escrito numa folha de rascunho e simplesmente pediu pra eu falar sobre o que achava. Nem gosto de escrever, né? Escrevi com um sorriso estampado no rosto. E ainda pude conversar com ela sobre várias coisas legais.
Mais tarde um outro amigo veio comentar sobre Richard Dawkins, o autor do ‘O Gene Egoísta’ e ‘Deus, um delírio’, depois que eu emprestei o livro ‘A Linguagem de Deus’ para uma outra amiga. Por mais que nossas idéias se confrontem e eu discorde dele em muitos pontos (e ele discorde de mim em outros), não sei quando mais eu teria oportunidade de falar alguma coisa do gênero pra ele. E sério mesmo, adoro quando as pessoas falam suas opiniões (contanto que falem com sabedoria e respeito).
Foi bom falar o que penso, sabe? Tenho certeza que lá na sala as pessoas me vêem, mas não sabem realmente quem sou ou o que penso. Bom, ainda assim queria ter falado mais coisas durante a conversa. Como a maior parte dos futuros biólogos da minha sala, ele tem uma visão bem racional sobre fatos relacionados à fé e à vida. Mas cara, algumas coisas que conheço não tem nada de racional. Chega a ser insano. Quando alguém conseguir explicar racionalmente como o Josiel, um outro amigo lá da sala, mudou da água pro vinho desde as últimas férias, talvez eu questione minha fé (ele me contou que no dia de Natal, ele tomou a melhor decisão da vida dele. Nunca o vi tão feliz). Quando me explicarem o que foi aquele sentimento tão diferente que me arrebatou numa noite no final do ano de 2002, dentro de uma igreja, que me fez pegar numa Bíblia pela primeira vez horas depois, talvez questione Deus. Quando me convencerem de que foram meras coincidências todas as experiências sobrenaturais que já presenciei, todas as orações atendidas, todas as vidas mudadas e tudo o que sinto, talvez eu reveja meus conceitos.
Mas a verdade é que este dia está muito distante, provavelmente nem o verei chegar. E enquanto esse dia não chega continuarei a falar daquele que ama tanto a humanidade que permitiu que pudéssemos escolher entre Ele e o resto. Uma pena que temos escolhido o resto quase todo dia. Eu já prefiro a primeira opção. Concordando com meu amigo Josiel, foi a melhor decisão que tomei na minha vida.

'When I can't hear you
I know you still hear every word I pray
And I want you
More than I want to live another day
And as I wait for you
Maybe I'm made more faithful'
Brooke Fraser - Faithful

sábado, 22 de março de 2008

Luto

Ela estava vendo na tv um filme triste de romance que falava sobre perda de memória e amor eterno. Foi quando sua mãe atendeu a uma ligação. Uma triste ligação. Seu cunhado foi responsável por dizer: "Tenho uma má notícia. Uma pessoa morreu." Na hora ela parou o filme ao ouvir o desespero na voz de sua mãe. E ficou aflita por não saber o que tinha acontecido. Sua mãe desligou e repetiu a mesma frase que seu cunhado tinha lhe falado. A menina ficou branca, se ajeitou no sofá e perguntou quem era a pessoa. Uma tia-avó. Aquela sorridente que ela tinha visto pouco mas que com certeza fazia parte de suas melhores lembranças. Aquela que sempre recebia toda família de braços abertos, que tinha uma risada gostosa e engraçada, que era uma ótima cozinheira e morava longe na roça. Aquela que piscava os olhos com força e passava uma imagem de ser a pessoa mais feliz do mundo apesar das limitações da idade.
Notícias como essa abalam qualquer pessoa. Acabou o clima de feriado. Se sentiria culpada em aproveitar os dias enquanto outros choram sua perda. Se eles choram, ela quer chorar junto. Se ele riem, ela quer rir junto. E ela se sentia triste pelos familiares mais próximos a querida Tia Teté. Irmã de sua avó. Uma querida parente. Chorou pelo fato de que foi confirmada a frase de que só damos valor às pessoas depois que as perdemos. Mas no fundo ela sabia que a amava. Das poucas vezes que tinha visto sua tia-avó. Ela a amava. E agora ela tinha partido.

Descanse em paz. Você está num lugar muito melhor que nós. Aproveite...

Odeio quando crônicas são mais reais que ficção.