quarta-feira, 27 de agosto de 2008

You and Mrs. Jones

*Texto iniciado dia 25/08, esquecido ontem e finalizado hoje

Ei, você. Você que me fez confundir o reflexo da luz na janela com a Lua formosa e soberana. Depois de tudo o que aconteceu conosco, percebi que o nascer do outro dia já não era tão bonito quanto do dia anterior. Já te falei que você mexeu com todos meus sentidos? Já não sei direito distinguir sabores, cheiros e paisagens. Tudo tem você, seu gosto (que é bem do jeito que eu gosto¹), seu cheiro e seu perfil.

As pessoas passam na rua e só vejo seu rosto em cada uma daquelas faces. Ainda lembro sua voz perto de mim, das noites que a gente passava em claro conversando e falando bobagem. Só para tirarmos o outro dia dormindo um ao lado do outro, mortos de cansaço. E eu morria de rir das suas piadas repetidas e do jeito que você analisava todas as frases e palavras ditas.

Agora fico eu a lembrar tudo isso, sem você do meu lado para retribuir minhas juras de amor. Eu sempre hesitava em declarar tais juras, mas com você era diferente. Eu sabia que tinha liberdade para isso, ficava à vontade com você como não fica com mais ninguém.

Eu não sei quem acabou com nossos sentimentos, só sei que não queria que tivesse acabado. Meus dias estão mais pesados sem sua presença para aliviá-los. Vou te dizer qual o seu efeito sobre mim: Hoje, por ironia do destino, tocou “Unbreak my Heart²” da Toni Braxton no rádio. Lembra que a gente ria rotulando essa música de Rainha das Músicas Bregas-Depressivas? Pois ela nunca fez tanto sentido pra mim quanto hoje. Consegui entender o sentimento que a Sra. Braxton colocou ao falar cada palavra dessa canção. Elas realmente são pesadas, dolorosas. Espero que você não precise nunca ser tocado por elas.

Vai viver, vai. Enquanto isso eu fico com você guardado no meu cantinho escondido decorado de saudade³ que a Marisa Monte tão bem canta. Quando voltar, não esquece de trazer as nossas lembranças e compensar todo tempo que você perdeu nos braços de uma pessoa que queria sua boca, mas não te queria por inteiro.

1) Vai ser difícil, vai
Encontrar um amor como o seu, ai
Como dói no meu peito
Seu gosto é bem do jeito que eu gosto
Bem do jeito, lamento
Que é só mais um lamento entre tantos já feitos
Quisera desse jeito lembrar de outros tempos
Só pra matar um pouco a saudade
Mesmo assim querendo que você não ouça
Meu grito aqui de longe
Minha dor, meu lamento
(Céu – Mais um lamento)

2) Un-do this hurt you caused
When you walked out the door
And walked outta my life
Un-cry these tears
I cried so many nights
Un-break my heart
(Trecho de Un
-break my Heart)

3) Dentro de cada pessoa
Tem um cantinho escondido
Decorado de saudade

Um lugar pro coração pousar
Um endereço que freqüente sem morar
Ali na esquina do sonho com a razão
No centro do peito, no largo da ilusão

E posso até mudar
Mas onde quer que eu vá
Mas meu cantinho há de ir
(Marisa Monte – Cantinho Escondido
)
ps.: o título se refere a música "Me and Mrs. Jones" que adoro ouvir na voz do Michael Bublé.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Nesta data querida


Dia 12 foi meu aniversário e eu não queria deixar passar essa data em branco aqui pelo blog. Preciso escrever algo a respeito. Pois então, para mim, foi uma semana de aniversário: pude ver as pessoas mais importantes para mim em dias diferentes da semana (apesar de terem faltado algumas pessoas). Foi bom demais, mais do que eu esperava. Comi mais do que devia e fui feliz, isso que importa.




Estava pensando aqui com meus botões como eu sinto falta daquele tempo em que a tia do colégio desenhava alguns balões com giz colorido no quadro-negro e um PARABÉNS grande com letra bonita, depois enfeitava a sala e todos os alunos eram praticamente obrigados a cantar "um parabéns para você" animadíssimo, com direito a um "com quem será" que me fazia ficar vermelha de raiva e outro "com quem será" para eu rir da minha irmã com raiva. No final a gente tirava foto com a blusa toda cheia de bolo e o sorriso maior que o rosto.




Aí fiquei pensando que muita coisa mudou durante esses 20 anos. Não estou dizendo em relação a minha vida (isso fica pra outro post), mas em relação ao modo como comemoro meus aniversários, ou como recebo "felicidades". Antigamente eu contava nos dedos os dias para chegar o bendito dia 12 de agosto. E não deixava ninguém esquecer: "tá chegando meu aniversário!". Convite rosa pra cá, convite escondido da amiga chata para lá. Os presentes que meus pais davam eram surpresa, assim como dos colegas e parentes. Hoje parece que os parentes me conhecem menos, então perguntam o que eu preciso. Eu respondo e ganho. Aí você pode dizer: "Ué? Está reclamando de quê? Ganhando o que precisa, está ótimo". Mas acho que era muito mais legal quando eu destruía a embalagem de presente, doida pra saber o que eles compraram para mim. De uma parte da família era um pijama ou um conjunto de toalhas bordadas lindas (que eu nunca esperava ganhar apesar de todo ano os presentes se repetirem) e eu agradecia de coração quando gostava ou fazia uma cara de insatisfação quando não era tudo o que imaginava. Tudo muito sincero. Invariavelmente, como toda criança, adorava ganhar brinquedos. E na época, eles ainda tinham um preço justo. No dia seguinte, já tinha estreiado todos eles, sem dó.




Esse ano, os melhores presentes foram os presentes-surpresa, como não podia deixar de ser. Porque eu voltei a ser uma criança, cheia de vergonha por não saber como reagir direito a esses momentos. E o mais legal é que eu sei que todos foram de coração mesmo, ninguém precisava fazer isso, porque tem gente que é tão especial pra mim que só de estar fazendo parte da minha vida já está de bom tamanho.




Fazendo aqui uma digressão, hoje recebi um abraço muito gostoso de um colega que estudou comigo no pré-vestibular...provavelmente eu até hoje não troquei mais do que umas 100 palavras com ele ao-vivo (porque orkut e msn adicionam algumas palavras, mas nem tanto), mas é muito querido pra mim. Ele deu aquele sorrisão seguido do abraço e me deu os 'parabéns' com toda sinceridade do mundo. Sabe o que percebi? Que, como o Marcos Botelho, trocaria 100 scraps do orkut por 1 abraço.




Imagina se no dia do seu aniversário, aqueles 200 novos recados na sua página fossem 200 passaportes para um abraço. Virou parte de nós mandar um "bjo", ou "abraços!" por orkut ou telefone, mas nenhuma palavra dessas vale o que elas realmente significam. A materialização do que falamos faria-nos mudar nosso vocabulário. Mas valorizo aqueles recados que saem da fórmula "Parabéns pelo seu dia", "Deus te abençoe", que fogem do sentimento de obrigação de deixar um recado só porque o orkut estampa os aniversariantes na página principal. Aqueles que você vê que seu amigo(a) gastou um tempo pensando no que faria você sorrir, sabe? Esses são os melhores.



Ano vem, ano vai, e o que antes era 15 já virou 20 e daqui a pouco vai virar 25. Os pensamentos nostálgicos e depressivos só são anulados pelas coisas boas que sentimos ao ver quem gostamos. Por isso mesmo, deixo um pedido: vamos demonstrar melhor o que sentimos pelas pessoas, galera. Seja no dia do aniversário delas ou não. Elas se sentirão como realmente devem se sentir: queridas e especiais, únicas. Citando a banda capixabíssima Crivo, deixe claro o seu amor.

sábado, 2 de agosto de 2008

O tempo passa, sim senhor...

Esses dias eu estava organizando meu álbum da época do CEFETES, e encontro isso. Uma foto tirada em frente a escada, no segundo andar, no tempo em que máquina digital era para poucos e eu tinha minha humilde câmera de filme. Personalidades na foto: Débora (hoje minha caloura em Biologia-Ufes), dona Darshany (hoje famosa, queridinha da AGazeta), Midori (hoje estudante da USP, bobagem..) e eu (hoje a mesma de sempre). Abaixo, nós atualmente, só para uma comparação besta de fisionomias.










Srta. Darshany
(garotadocasacoverde.blogspot.com);







Eu na minha foto mais recente, tirada hoje de manhã.






















Midori (minha adorável filha).





Momento nostalgia termina por aqui, ainda virão outros.

Um abraço.


(obs.: não tenho fotos recentes da Débora, por isso não a coloquei aqui, por isso minhas desculpas a ela, mesmo esta não sabendo da existência desse blog.)

O inexplicável amor - por Ana Laura Nahas



"O fato é que ela gosta dele, coitada. Gosta das covinhas que ele faz no rosto quando ri, das piadas que ele repete, igual, do mesmo jeito, dos narizes que ele torce pros filmes que vê na promoção das quartas, das canções obscuras que ele põe no rádio do carro quando volta de qualquer lugar, dos medos que coleciona (o amor, as baratas e os pimentões vermelhos), da barba malfeita, das graças que ele faz com as decepções que teve, com os dias em que as coisas doeram mais do que era possível suportar.

Gosta quando ele veste xadrez e golas e botões e usa aquele par de sapatos marrons, quando telefona pra jogar conversa fora, quando chora tantos anos e saudades da infância e angústias e feridas e fotografias amareladas pelo tempo, quando passa horas tentando explicar o quatro-quatro-três ofensivo do técnico de algum time impronunciável do futebol japonês. Gosta da brancura dele e dos quilos a mais e das entradas que ele tem na testa. Até as orelhas de abano dele ela diz que acha bonitinhas.

O fato é que ela gosta dele, coitada. Gosta do azedume dele, e até quando ele diz que não suporta os vizinhos, que detesta o Botafogo, que abomina a TV Globo, que odeia berinjela, que preferia mil vezes viver numa caverna sem luz do que encarar o mundo aqui fora, suas ruas tortas, sua gente estranha. Gosta quando ele reclama dos preços do supermercado, da conta de luz, da reunião de condomínio, do joelho doente, da mãe que aluga, do pai que quer um filho que ele nem sempre quer ser.


Ela gosta. Gosta tanto que às vezes esquece que não devia gostar tanto, e em dias ímpares pensa em mandar um e-mail bonito pra ele e mandar junto uma canção que talvez encare a verdade que ela, de fígado estragado, perna flácida, unha roída, cabelo desgrenhado e coração partido, acha que não é capaz de dizer direito com as palavras.

E de tanto que gosta sonha com a tarde em que ele bateria na porta, com tudo entendido, inclusive os subentendidos, e eles assistiriam ao Seu Jorge, no Álvares, “a vida contigo é muito melhor, esqueci o medo de viver só, com você me sinto bem, contigo sou feliz também”; e brindariam o encontro e dançariam um pouco e, no dia seguinte, veriam TV e passeariam na praia. E de tanto que gosta sonha que talvez toda a mágoa de antes sumisse, que talvez todas as coisas voltassem a ser como foram um dia ou parece que foram.

Porque um dia, de alguma maneira, a vida volta a ser mais ou menos como foi ou parece que foi. Um dia, depois de um tempo, até os piores momentos se tornam mais fáceis, até os amores que acabaram, as dores que a gente guardou o mais escondido que pôde, as expectativas que se desfizeram numa noite fresca como as da última semana. Um dia a gente entende um pouco as coisas e, apesar dos tropeços do passado, abraça um amor como o dela, esse troço que ninguém explica, nem toda a teoria do mundo."