quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Changing subjects

Depois de um longo período de abstinência de música, voltei a ouvir. Tentando separar as que eu realmente gosto daquelas que se impregnaram na minha vida por conta das circunstâncias ao redor. Tentando voltar à essência de quem eu sou, do que eu gosto e me deixando emocionar pelas músicas que realmente me tocam.

Precisei desse silêncio. Precisei abrir mão do meu ipod, do itunes desorganizado e do rádio. Precisei me desintoxicar, respirar e voltar a me conhecer. Descobri que assim eu posso ver para o que meu coração se inclina mais. Descobri que muitas músicas vêm vinculadas a imagens e pessoas que não quero mais presentes no meu dia. Outras fazem despertar na memória momentos especialíssimos, dos quais só pude lembrar porque passei por esse processo de purificação sonora antes.

Fiz bem. Agora estou tentando treinar meu cérebro para absorver somente as informações importantes. Principalmente estas que são veiculadas a cada segundo na internet, na tv e em qualquer outra mídia escandalosa. Por excesso de informação estou perdendo minha inteligência e integridade, já não me lembro bem das coisas que preciso lembrar porque meu cérebro está ocupado demais tentando absorver tudo ao mesmo tempo (e aí acabo que não consigo segurar nada aqui dentro). Virei escrava das minhas anotações, bloquinhos e agenda. Chega disso...

Quero voltar a ser quem sou. Livre. Com gosto pra leitura de livros e não de homepages. Com gosto para a interação social pessoal e íntima e não cibernética/online. Que prefere uma carta a um email, que prefere um álbum de fotos para folhear a um flickr. Que escreve a mão, cola fotos e recados, desenha, tudo em um caderno vivo de folhas brancas.

Surpreendente e contraditório eu usar um blog para dizer isso, enquanto poderia usar um caderno. A verdade é que não tiro a importância da internet na minha vida, só não quero ser escravizada por tudo isso, não quero me tornar débil por conta das minhas próprias ações. Vou tentar voltar ao que é mais natural para mim. Me faz bem... é como caminhar rodeada por árvores e ar puro depois de passar anos aprisionada em uma selva de concreto. Faz parte de mim.

sábado, 29 de maio de 2010

Da janela do ônibus


Sei que a chuva cai para todos. Para sábios e tolos, para amantes e não-amantes, para fortes e errantes, para apaixonados e de coração partido. Sei que a chuva cai sem distinção, não escolhe hora certa, não espera porta aberta, nem olha o coração. Desespera os separados, faz sorrir os amados, quebranta o gelo, arrepia o cabelo. Desfaz plantação, espalha ternura, pede ação, expõe feiúra.

Sei que o temporal comove, inspira poesia, envolve maestria. Sei que gotas d'água disfarçam lágrimas, esfriam quentura, promovem aventura. Sei que da chuva vem o sol e tudo muda, vida segue, aleluia.

Sei que choveu, bastante, num instante, por fim.

sábado, 8 de maio de 2010

The end



Poderia ter sido uma briga sensacional, dessas de novela, cheia de insultos e xingamentos e raiva. Poderia ter sido caloroso, cinematográfico, explosivo, impulsivo. Mas foi mais uma dessas cenas de filme de drama, onde dois personagens francos decidem se separar. O amor existe, está ali. Mas não existe futuro. Então os dois iniciam uma conversa a partir da pergunta "Estamos bem?" e refletem juntos, concordando, conversando no mesmo tom (se um tom saiu diferente, era a tremedeira da voz dela sinalizando a chegada das lágrimas).

Havia semanas que ela tinha percebido a proximidade do fim. A frieza constante, a falta de alegria em ouvir a voz um do outro ao telefone, a impossibilidade de planos juntos, a individualidade sobressaltante, a perspectiva de vida diferente. Foram pequenos fatores que se acumularam e escreveram em sua mente que deveria terminar. Não há nada a fazer, não há nada a mudar, o único passo a ser dado agora é se conformarem que não dariam certo juntos. Cada um retoma seu caminho, confiantes de que o que não tem fim sempre acaba assim (desculpa parafrasear Engenheiros).

Pra mim foi um ano sensacional. Se eu te ensinei a fazer poesia, você me ensinou a valorizar a vida e os momentos. Se te inspirei a escrever, você me inspirou a correr atrás do que quero. Se conquistei coisas importantes durante este ano foi porque você me fez sentir mais confiante e capaz. É por isso que serei eternamente grata e te estimarei sempre.

Você encontrará outra musa inspiradora e eu encontrarei outro companheiro de filmes. E mesmo quando estivermos com eles, desprendidos de nós mesmos, teremos ótimas lembranças do nosso primeiro namoro, primeiros beijos e primeiras experiências. Você foi uma ótima companhia, mesmo nos meus piores momentos. E se antes eu não tinha me arriscado por ninguém, você foi a exceção (e valeu a pena). O que a gente construiu está guardado e continuará aqui.

Seja feliz. Quando for cantar uma música, cante para a pessoa que você ama. Se desprenda da rotina, se agarre ao que você gosta, seus hobbies, suas capacidades. Não desperdice o que você é por obrigações acadêmicas (se for um excelente profissional, ter tido tempo para essas coisas contará como efeito positivo). Você sabe que será muito mais do que estará escrito no seu diploma. Será poeta, artista, cineasta, filósofo e cantor. E terá sorte a pessoa que conseguir te conquistar por inteiro.

A vida continua cheia de promessas arrebatadoras. Novos horizontes..se não for isso, o que será?

terça-feira, 2 de março de 2010

Vem andar e voa


Não sei muito sobre amor ou amar, não sei muito do ciúme doentio ou das paixões desvairadas. Não sei muito do devocional que fixa em alguém e vira religião. Sei que sinto, sei que penso, sei que peço e sei que tenho paciência e construo. Meu pé no chão salta de vez em quando e me permito momentos de vôo rasante, que acelera o coração e meu medo do ataque cardíaco me faz pisar novamente em segurança. Pés no chão. E você insiste em tirá-los, me pegando no colo, fazendo um esforço enorme pra me manter longe da poeira e dos cacos que podem me machucar, sem perceber que estar no ar aumenta o risco da queda (e da dor). E aí me pergunto: Por que você não tira seus pés? Por que não me deixa carregá-lo? Nunca te deixaria cair, isso posso prometer.

Talvez devêssemos tirar os pés do chão juntos, de mão dadas e pulando o mais alto possível. Sei que fora do plano somos mais heróis, mais personagens, mais almas gêmeas. "O amor lança fora todo medo" e isso li numa carta. Assim que descobríssemos esse mistério que se chama amor o medo de cair não nos atingiria e poderíamos ser mais moldados um para o outro. Teria o poder de fazer o que quiser e eu já sei o que faria: eternizaria nossos beijos preguiçosos, ecoaria sua voz falando a metade do meu nome, congelaria em mim os momentos de segurança em seus braços e tatuaria suas poesias em mim. Suas poesias...cobririam minhas costas, cada palavra.

Sei que começo a escrever sobre insegurança e meu próximo passo é um grito de liberdade. Me sentindo segura ou não, eu me jogo! Sabendo que muitos já se machucaram, muitos voltaram loucos por mais, mas ninguém nunca voltou indiferente. Aquela jato de adrenalina que faz você querer gritar mas não dá tempo se sair voz nenhuma. Sei que sinto. Sei que quero.