sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Dan in real life*


Feriado de carnaval. Enquanto os foliões mergulhavam em suas perdições, eu me retirava no campo, rodeada de floresta e paz, com as melhores companhias. Uma rede, uma piscina com chuva rápida, uma trilha, estrelas...e forró! Sim, esse ritmo brasileiríssimo, cheio de encantos. Ouvindo as letras de amor, meus pensamentos foram longe, para perto de você. Nunca tinha desejado tanto que você estivesse por perto, para me levar para a pista de dança(vulgo beira da piscina) e dançarmos até o anoitecer. Meu pensamento foi interrompido por um convite de dança, feito por outra pessoa. Aceitei. Preferia ter ficado distraída, mas foram inevitáveis minhas comparações: ele não tinha sua postura, seu jeito, seu cheiro. Não tinha a altura certa para mim e não me conduzia com a firmeza de seus braços. Mas me deixei levar pela diversão e aos poucos chegava mais gente para dividir o espaço conosco. Grandes amigos. Até trocávamos de par algumas vezes e eu torcia para alguém dançar parecido com você, na tentativa de matar a saudade. Mas não teve jeito. As músicas que eu acompanhava cantando só servia para os seus ouvidos, mas outra pessoa as ouvia naquele momento. Lembra quando eu me declarava explicitamente por meio delas sem que você desconfiasse de nada? Já dizia aquele filme... “If you want to be completely honest, sing.” Sentia sua falta. O jeito como você puxava meu corpo para perto do seu e como você me elogiava, falando baixinho, rosto colado.

Já doíam meus pés quando fui deitar na rede. Meu rosto não sabia esconder o que se passava no meu coração, e uma amiga até brincou comigo sobre minha expressão. Quando todos tinham certeza que meus pensamentos pertenciam a quem estava ali bem próximo, na realidade meu pulsar era para quem estava a quilômetros de distância: o menino do coração quebrado. Como eu gostaria de reconstruir aquele coração. Talvez a gente podia se consertar, remendar e começar tudo de novo. Acabei de perceber isso, sabia? Talvez tenha sido somente o forró, talvez o excesso de bebida. Talvez a solidão misturada com a paisagem em cores deslumbrantes. Ou talvez seja porque eu gosto de quem eu me torno quando estamos juntos e é essa pessoa que eu quero ser pelo resto da minha vida.

* O título do texto se refere ao filme cuja frase foi citada entre as minhas palavras. "Se você quer ser completamente honesto, cante". O nome do filme, em português, "Eu, meu irmão e nossa namorada". Odeio traduções não-literais...não acha que reduz o filme a pouca coisa?