segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Afrikanizando

http://afrikanizando.blogspot.com/

Este é o link do nosso blog (meu e da minha irmã) onde daremos notícias sobre nossa viagem.
Fiquem à vontade. :)

sábado, 28 de novembro de 2009

Goodbye for now


Passo por aqui para me despedir por enquanto. Tenho estado permanentemente desanimada com o blog, o que me entristece um pouco. Mas todos temos fases e momentos. Não é raro observar blogueiros pensando em desistir de seus blogs. Mas agora vou ter 3 meses de motivos reais para não postar. Semana que vem, sexta-feira, estou indo para África do Sul trabalhar em um albergue que fica a duas quadras desta praia aí de cima (Nada mal a vista para a Table Mountain, né?). Para evitar ficar colocando mil fotos no orkut e depois chegar ao Brasil sem novidade nenhuma, eu e minha irmã (que vai junto comigo) estamos pensando em criar um blog para nossa viagem, colocando só as fotos/notícias mais importantes. Assim que decidirmos realmente sobre isso, coloco o endereço aqui para vocês.

Um grande abraço e ótimas férias a todos. Carregarei um pedaço de vocês comigo. :)

domingo, 20 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Resposta


Lá estava ela novamente imersa em seus pensamentos e confusões. Como qualquer ser humano, complexa e difícil de interpretar, ela mesma não sabia o porquê de suas próprias atitudes. Se via presa ao infortúnio do inconsciente e incontrolavelmente se sentia amarrada à ilusão da segurança. Bendita segurança... só encontrada em Deus e não no algemar de nossas próprias mãos. Consciente disso, depois de um reveillon muito deprimente, decidiu tomar atitudes concretas. Atitudes que a petrificavam, que doía em seu corpo todo porque fugiam ao seu controle, mas que, já sabia ela, trariam acalanto ao final de tudo, mesmo que no caminho houvesse pedras e espinhos. Foi então nesse ano que ela expôs seu coração como um produto tímido na vitrine de uma grande loja visitada por uma única pessoa; e foi também naquele momento que decidiu concretizar o desejo de ir para muito longe - só para estar mais perto. E ao fazer tudo isso se via pulando de pedra em pedra num rio caudaloso: trazia medo, mas trazia esperança de chegar ao outro lado. Era enfrentar a correnteza ou não chegar a terra de Oz. Os escorregões fizeram doer, machucar e os ferimentos iam demorar a se fechar, mas era preciso. "Pula logo!" Gritavam ao seu ouvido. Mas os seus passos eram lentos e tentavam ser seguros, firmados primeiro com o pé direito na rocha e logo mais seu corpo a acompanhava. Não havia necessidade de correr pelas pedras, cheias de limo e algumas soltas, o melhor era ir devagar, contanto que chegasse até a terra firme.

Poucos a conheciam como ela mesma. Era mais espontânea do que demonstrava, e mais livre do que parecia. Tinha cultivado o romance somente nas poesias e músicas de Vinicius e esperava o dia em que cantaria para alguém. Via simplicidade nas coisas da natureza, e não hesitava em parar por alguns minutos em qualquer lugar em que Deus se manifestava: uma aranha tecendo uma teia, uma formiga carregando um pedaço de folha, o ajudar de um necessitado, a doação de coisas que lhe fariam falta. Tentava fugir de seus hábitos sempre que possível. Andava a pé até em casa para observar as casas que tanto almejava: casas simples, com grandes jardins. Ouvia músicas tristes para se compadecer do autor da música, concordando com Elton John: "Sad songs say so much". Orava pela pessoa desconhecida do ônibus, porque parecia cansada e desiludida. Comprava pipoca doce no caminho escuro até em casa, só porque tinha saudades de sua infância. Ia ao cinema vazio sozinha para descobrir que gostava de filmes franceses. Admirava a Lua de dia, subestimada e desfocada pelo Sol, sem o poder dado pela escuridão, e isso a fazia lembrar de si mesma. Concluía que estar com alguém tão diferente do seu próprio espelho (e ao mesmo tempo assustadoramente parecido) era a prova maior de que preferia estar desconfortável a não se mover. Estar apaixonada por alguém que não acredita na paixão é tão contraditório quanto ela mesma. Tentar conquistá-lo era mais um desafio tomado como crescimento. Por que sofrer tanto? Amar alguém que te ama de volta sem vacilar não é desafio algum.

E ainda diziam que ela tinha medo de arriscar...poderia até ser verdade se não houvesse tantos fatos provando o contrário. Ela tinha acabado de perceber: nada como nadar contra a maré para provar sua própria força.

domingo, 26 de julho de 2009

Inescapável

Por que quando estamos doídos, dilacerados, cansados e inconformados fica mais fácil de escrever? Sempre achei que a alegria de um novo amor, por exemplo, seria uma inspiração constante, mas o que aconteceu foi o contrário. Na perda, entre lágrimas, mergulhada em sentimentos perturbadores as palavras correm para minha mente e pedem para serem liberadas. Talvez desabafo seja a palavra certa para descrever essa situação. E o oposto, quando eu estava feliz da vida, as palavras fugiam e corriam na direção contrária. Que engraçado. Será que sou aquele tipo de pessoa que adora um drama? Sempre pensei isso de mim, que talvez eu realmente curtisse momentos tristes e devastadores. Isso explicaria minha grande queda por livros de romance com final infeliz e filmes de drama que quebram o coração.

Vi que a maioria dos compositores da minha lista de músicas compartilham sentimentos parecidos de tristeza e desilusão. Só ouvir Love is a Losing Game, Love is Hard ou All The Way Down que já me imagino sentada no tapete da sala trocando figurinhas com James Morrison, Amy Winehouse e Glen Hansard sobre amores perdidos e prometendo sempre não desistir de achar a pessoa certa. De preferência com uma taça de bebida em uma mão e um violão na outra. Depois a gente ria de todas as nossas experiências, sem saber se era por causa da bebida ou por causa do aroma de otimismo que começava a subir no ar.

Ao menos tenho crescido nos meus sofrimentos. Tenho entendido o que é família de verdade. Tenho perdido a vergonha de admitir que sou fraca e insegura. Tenho visto que chorar faz parte da vida, mas que as gargalhadas devem sempre sobressair. Aprendi a conversar sobre meus sentimentos e a cobrar das pessoas o que quero. Às vezes somente abrir mão da minha vontade pelas pessoas desgasta, e tira a autenticidade que sempre prezei. Nesses momentos que descubro quem são meus verdadeiros amigos e quem são aqueles que fazem muita falta. Minha visão fica seletiva para certos programas de televisão e me dou a chance de me recuperar no tempo que for necessário.

Enquanto isso alimento minha veia poética e me divirto em saber que não sou a única no planeta que sofre por amor. Talvez seja uma condição natural do ser humano. Se a vida não fosse assim, não teria graça alguma e as histórias seriam pobres e irreais demais. Então me permito sofrer sim. E cair, para me levantar quantas vezes for preciso.

::::

Ainda ouço meus amigos cantarolando...

And you have broken me all the way down,
you'll be the last, you'll see.(Glen)

Love takes hostages and gives them pain
Gives someone the power, to hurt you again and again (James)

Why do I wish I'd never played
Oh what a mess we made
And now the final frame
Love is a losing game (Amy)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Near to you



O que eu tive com ele foi bem confuso e doloroso, mas intenso. Foi importante para mim, mas eu tenho certeza que estou melhor perto de você. Porque perto de você eu estou sendo curada. Aos poucos e devagar algumas feridas estão sendo fechadas e outros sentimentos são calados, reprimidos. Tudo o que eu sentia por ele foi esmagado por saber que ele não me amava de volta. Agora estou com você, que de tão maravilhoso e bom eu perco meu chão e não ligo. Você me ama e não cansa de repetir isso, me trata com cuidado e destreza, de um jeito que ele nunca me trataria. Mas eu não sei porque tem sido tão difícil seguir em frente. Ele já se foi da minha vida e você é simplesmente tudo o que quero. Não sei por que tem sido assim, minha mente se dividindo entre passado e presente. Peço sua paciência para que eu aprenda a te amar do jeito que você merece. E aos poucos me entregarei a você, meu corpo inteiro e meus pensamentos. Por favor, é com meu coração que peço: não desista de mim.



Texto baseado na música Near to You da banda A Fine Frenzy.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Once

"Apenas Uma Vez resulta assim não um longa que usa a música apenas como linguagem, mas um que a emprega também como tema. O romance é menos físico e mais pelo processo criativo. O relacionamento se torna colaboração - e há poucas coisas tão românticas quanto isso."
- Érico Borgo (crítico do site Omelete).

Para ver a crítica completa em OMELETE.

No mais, vejam o filme. :)

sábado, 20 de junho de 2009

The boy from Ipanema

Texto baseado na música "The boy from Ipanema" na voz de Diana Krall (no álbum Quiet Nights, que brinca com jazz e bossa nova de forma encantadora).



Sentada num dos quiosques da Praia de Ipanema, contemplo o mar e as pessoas, ambos agitados e igualmente esplendorosos. Está um dia lindo! O sol tímido se arrisca a banhar de luz pequenas faixas da areia e o vento se ausentou com gentileza. A água de coco está na temperatura ideal, doce e deliciosa. Eu brinco com o canudo quando o vejo.

O garoto de Ipanema. Alto, jovem e lindo ele anda em direção ao mar, e de tão charmoso e gentil, arranca suspiros de metade das garotas que o observam. Quando ele caminha, é como um samba, que me envolve num balanço tão atraente que lanço-lhe um sorriso bobo. Ele não vê. Ele não me vê. Observo-o tão tristemente. Como dizer que o amo? Daria meu coração com prazer...

Mas todo dia que ele caminha para as águas do mar, o garoto de Ipanema passa por mim e não me vê. Persisto em observá-lo todo dia, continuo sorrindo, mas ele não me vê..não, ele não me vê. Em oculto, eu daria meu coração.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Salmo 19.1


Os céus declaram a glória de Deus...
e o firmamento anuncia a obra de Suas mãos.

sábado, 30 de maio de 2009

More than words.


Se ultimamente eu tenho aprendido alguma coisa, é que às vezes palavras são só palavras. E que algumas coisas são muito mais expressivas e significativas quendo não verbalizamos o que queremos dizer. Uma foto traduz um paraíso com mais fidelidade do que se eu dissesse: fui a um lugar lindo, de águas transparentes, areia branquinha e fina, fauna abundante e era assim, era assado.

Engraçado eu desprezar as palavras num blog, onde só o que faço é escrever e tentar fazer vocês imaginarem as cenas (e aí que se encontram os grandes escritores: nós lemos e por consequência vemos um filme cheio de cenas deslumbrantes - conheço alguns blogueiros assim). E nossa, a maioria dos livros que viram filmes são muito mais atraentes do que o longa-metragem. Mas não é isso que quero dizer.

Pense bem. Dizer a alguém que você o ama talvez um dia se torne repetitivo e sem significado, a não ser que os momentos fossem bem escolhidos e especiais, e não só uma forma de terminar seus torpedos ou recados. Dizer 'te amo' não é a mesma coisa que dizer 'bom dia'. Acho que a maioria dos românticos concordariam. A falta de valorização das palavras me incomoda muito (acho que um dia eu já postei sobre isso).

Pois bem, se você gosta e se importa com alguém, demonstre. Se quiser usar palavras acopladas, use-as com responsabilidade. Lembre que algumas atitudes são fáceis de traduzir, outras não. Um pai que não tem tempo para um filho porque trabalha o dia todo para sustentá-lo o ama de um jeito difícil de traduzir - talvez nesse caso as palavras sejam necessárias. Um amigo que faz de tudo para te ajudar nos momentos difíceis e compartilha os melhores momentos da vida com você o ama de um jeito fácil de traduzir, não precisa de palavras.

Um beijo, uma foto, um presente, uma data falam muito mais do que palavras. Meras descrições não chegam aos pés do que significa viver um momento especial, não é mesmo? Então crie esses momentos especiais, ame de verdade, demonstre o amor de forma concreta. Se você ama um amigo, esteja presente. Se você ama seu namorado(a), compartilhe seu coração. Se você ama sua família, obedeça, se organize, seja paciente. Se você ama a Deus, busque-o com todo seu entedimento.

Sendo assim, faça sempre o mais importante de tudo: ame.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Trocando Livros II


Meus bebês! Os três são provenientes do meu cadastro no trocandolivros.com! Já estou parecendo garota-propaganda, certo? Mas é que livros me empolgam. Livros bons com custo mínimo, mais empolgante ainda.

Um abraço!
ps.: Quem não se cadastrou ainda, faça-me o favor.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Do autor CS Lewis

O Diabo (Screwtape) expõe as intenções de Deus para seu servo Wormwood, no livro Cartas do Diabo a seu Aprendiz:

Passar por cima da vontade humana (como a mínima e mais sutil percepção da sua presença certamente o faria) seria inútil para ele. O Inimigo não é capaz de violentar ninguém. Ele só pode atrair. A sua idéia desprezível é assobiar e chupar cana. As criaturas devem ser unidas a ele, ao mesmo tempo em que permanecem sendo elas mesmas. A simples supressão de suas personalidades ou a sua assimilação não servirá. Ele está preparado para se impor um pouquinho no começo. Ele os levanta deixando-os perceber sua presença, que, embora tênue, lhes parece incrível, e os ergue com um cuidado emocional meigo e vitórias fáceis sobre a tentação. Mas ele jamais permite que esse estado dure muito tempo. Mais cedo ou mais tarde ele retira, se não de fato, pelo menos da sua experiência consciente, todos aqueles apoios e incentivos. Ele deixa as suas criaturas andarem com as próprias pernas - para extrair pela sua própria vontade os deveres que já perderam todo o sabor. É exatamente nesses vales, muito mais do que nos picos, que ele entrará no processo de crescimento rumo ao tipo de criatura que o Inimigo quer que o ser humano seja. Portanto, as orações oferecidas nos períodos de secura são as que mais lhe agradam. [...] Ele não pode "tentar" uma pessoa para a virtude, da mesma forma que a tentamos para o vício. Ele quer que os homens aprendam a andar e por isso retira a sua mão; e se ao menos demonstram a vontade de andar, ele se agrada até nos seus tropeços. Não se iluda Wormwood! Não há perigo maior para a nossa causa do que o momento em que um homem, não mais desejoso, porém ainda decidido a fazer a vontade do Inimigo, olha ao seu redor e contempla um universo no qual não parece haver nenhum indício do Inimigo, e se pergunta o porquê de sua desgraça, e ainda assim obedece.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Trocando Livros


Livros. Normalmente nossa casa é repleta deles: usados ou novinhos, ganhados ou comprados, que já perderam a graça ou que sempre nos enchem de interesse.
Pensando nos livros que estão parados, empoeirados e abandonados, aqui vai uma dica de site: http://trocandolivros.com

Funciona assim (como bem explicado no site):
1. Você cria uma lista dos seus livros que você quer trocar;
2. Quando outro usuário solicitar algum livro da sua lista, você envia pelo correio;
3. Você confirma o envio e ganha um crédito para solicitar 1 livro.

Simples assim. Recomendo. É um jeito simples e barato de ter mais livros bons e se livrar dos indesejáveis.
Eu estou com minha listinha cadastrada no site e já me solicitaram 3 livros. Eu os enviei recentemente e agora posso pedir qualquer livro que estiver disponível (já pedi "O Diabo veste Prada" e ele já chegou!).

Então aí está a dica!
Um abraço,
Flá.

domingo, 8 de março de 2009

LittleMess



Ela era desorganizada. Seja com papéis ou sentimentos, tudo ficava sempre embolado e sem lugar. Talvez fosse de sua natureza ver tudo virando de cabeça para baixo para simplesmente se cansar e tomar uma atitude no limite do caos. Nessa linha tênue, normalmente ela organizava perfeitamente tudo. Jogava fora as coisas antigas, as águas passadas, limpava os cantos sujos, guardava as roupas fora do lugar, colocava os pensamentos em ordem. Mas era um minuto de satisfação para depois bagunçar tudo de novo, aos poucos e lentamente.


Da confusão de seu quarto, milhões de bilhetes apagados pelo tempo no quadro de recados, certificados de cursos espalhados pelas gavetas, chaves em cima da mesa para se perderem fácil, violão desafinado encostado na parede com notas e acordes soltos no ar. Ventilador ligado e cobertor revirado na cama, cd arranhado no rádio. Celular perdido no meio na confusão, toalha molhada pendurada na porta do armário e livros empoeirados na estante, desorganizados por assunto e desordem alfabética. Apesar de tudo, uma compensação: era uma pessoa criativa. E sustentada pelas reportagens que afirmam que pessoas criativas são estimuladas pela bagunça, ela bagunçava tudo com gosto. E era criativa com força.


E da confusão de sua mente, ela não sabia o que sentia, por quem sentia, quando sentia e o porquê de sentir. Ela sabia que sentia, somente. Aquilo incomodava os outros: essa confusão parecia simplesmente uma mentira ou uma fuga da realidade, só para não se aproximar de ninguém. Mas ela sabia que a verdade passava distante disso. Seu coração já tinha se curado de muita coisa e ela tinha certeza que poderia se entregar muito bem para alguém, sim senhor. O problema é que ela não sabia quem era essa pessoa. Entre algumas opções, ela pesava os prós e contras, mas nada de conclusão. Talvez por isso aquele quê de solidão que a rondava, nos piores pesadelos e nas conversas chatas de família.


Nos dias raros de arrumação geral, ela chegava aonde queria. Recebia visitas em casa e reconhecia quem era seu verdadeiro amor. Não produzia nada criativo, mas o amor e os amigos bastavam para ela e para os outros. Daí que vinha a promessa a si mesma que ia fazer aquilo mais vezes ao ano, mas eram meras palavras.


Talvez, no final das contas, ela gostasse mesmo da bagunça e da solidão. Era mais fácil.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Dona Cecília

"É inútil o meu esforço de conservar-me,
todos os dias sou meu completo desmoronamento
e assisto à decadência de tudo
nestes espelhos sem reprodução."

É, dona Cecília, meu eu pessimista te admira.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Dan in real life*


Feriado de carnaval. Enquanto os foliões mergulhavam em suas perdições, eu me retirava no campo, rodeada de floresta e paz, com as melhores companhias. Uma rede, uma piscina com chuva rápida, uma trilha, estrelas...e forró! Sim, esse ritmo brasileiríssimo, cheio de encantos. Ouvindo as letras de amor, meus pensamentos foram longe, para perto de você. Nunca tinha desejado tanto que você estivesse por perto, para me levar para a pista de dança(vulgo beira da piscina) e dançarmos até o anoitecer. Meu pensamento foi interrompido por um convite de dança, feito por outra pessoa. Aceitei. Preferia ter ficado distraída, mas foram inevitáveis minhas comparações: ele não tinha sua postura, seu jeito, seu cheiro. Não tinha a altura certa para mim e não me conduzia com a firmeza de seus braços. Mas me deixei levar pela diversão e aos poucos chegava mais gente para dividir o espaço conosco. Grandes amigos. Até trocávamos de par algumas vezes e eu torcia para alguém dançar parecido com você, na tentativa de matar a saudade. Mas não teve jeito. As músicas que eu acompanhava cantando só servia para os seus ouvidos, mas outra pessoa as ouvia naquele momento. Lembra quando eu me declarava explicitamente por meio delas sem que você desconfiasse de nada? Já dizia aquele filme... “If you want to be completely honest, sing.” Sentia sua falta. O jeito como você puxava meu corpo para perto do seu e como você me elogiava, falando baixinho, rosto colado.

Já doíam meus pés quando fui deitar na rede. Meu rosto não sabia esconder o que se passava no meu coração, e uma amiga até brincou comigo sobre minha expressão. Quando todos tinham certeza que meus pensamentos pertenciam a quem estava ali bem próximo, na realidade meu pulsar era para quem estava a quilômetros de distância: o menino do coração quebrado. Como eu gostaria de reconstruir aquele coração. Talvez a gente podia se consertar, remendar e começar tudo de novo. Acabei de perceber isso, sabia? Talvez tenha sido somente o forró, talvez o excesso de bebida. Talvez a solidão misturada com a paisagem em cores deslumbrantes. Ou talvez seja porque eu gosto de quem eu me torno quando estamos juntos e é essa pessoa que eu quero ser pelo resto da minha vida.

* O título do texto se refere ao filme cuja frase foi citada entre as minhas palavras. "Se você quer ser completamente honesto, cante". O nome do filme, em português, "Eu, meu irmão e nossa namorada". Odeio traduções não-literais...não acha que reduz o filme a pouca coisa?

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Quebra-cabeça

*Post rápido, já estou indo viajar (e acabei de chegar de Guarapari)! Por isso ainda não passei os olhos nos blogs amigos...mas me aguardem! :)



Numa semana reclusa em Guarapari, na companhia de meus pais somente, percebi algumas coisas sobre a vida. Enquanto meus pais dormiam pela tarde, mau costume de família, eu mergulhei na paciência de continuar a montagem do quebra-cabeça da minha irmã, de 1000 peças. Uma linda paisagem de algumas casas do interior da Alemanha. Fiquei lá horas e horas sem ver o tempo passar e fazendo minhas considerações sobre a vida, como não podia deixar de ser.


Enquanto as peças iam se encaixando, vi que nossa vida de relacionamentos é muito parecida com um quebra-cabeça. Cada peça representa uma pessoa. Pode ser um quebra-cabeça de poucas peças ou de milhares. O primeiro tipo é mais fácil de montar, mas o resultado final do último consiste numa beleza muito maior, apesar de sua complexidade.


As peças do canto, aquelas que possuem um lado liso, representam os nossos primeiros relacionamentos, as pessoas mais próximas. Nossa família, por exemplo. Nossos pais, irmãos, avôs, primos e tios são todos ‘peças do canto’. Constituem a base para montarmos nosso quebra-cabeça inteiro. A partir deles, encaixam-se as outras peças, secundárias mas não menos importantes.


Nossos amigos de infância ou de longa data, aqueles mais próximos, são as peças mais bonitas. São aquelas peças que você olha elas sozinhas e vê que são diferentes. Dá pra saber exatamente onde elas se encaixam, porque não são iguais às outras. São as peças que têm um canto mais colorido, uma linha que passa no meio de seu desenho ou possuem uma cor mais escura do que as outras. Seja qual for seu diferencial, são únicas e você sabe exatamente a hora certa de encaixá-las no desenho total.


Algumas peças nós teimamos em montar no lugar errado. São aquelas que parecem perfeitas para aquele lugar, mas na realidade só se encaixarão perfeitamente quando você monta-las no desenho certo. Sabe quem são? Aquele melhor amigo que você confundiu com a peça de ‘namorado’ e depois descobriu que ele era a peça de ‘apenas amigo’ mesmo. Ou aquela amiga que ficou ali na periferia do desenho, mas que mais tarde você descobre que ela fazia parte das peças mais importantes, as peças-chaves. Ou então aquele cachorro de rua que você achava que era de outra paisagem, mas que se transforma numa peça que sempre te traz felicidade, que você se orgulha de ter encaixado no seu próprio quebra-cabeça. São peças de quem nós rimos no futuro, por causa das ocasiões em que descobrimos os lugares certos.

Existem também aquelas peças que você jura que não vieram na caixa. Você começa a afirmar que o quebra-cabeça deve ter vindo com algum problema. Até ameaça ligar para a loja, porque não é possível que você não acha as benditas. Fica aquele espaçozinho ali no meio do desenho e a agonia começa a bater, porque só faltam essas peças para a beleza se completar. Você até imagina como elas são, pela continuidade do desenho, e então se põe a procurar pelo chão e não as encontra. Procura no meio das outras peças, e nada das peças. Procura até na parte já montada (talvez você montou alguma peça no lugar errado) e não acha. Essas são as pessoas que ainda vão entrar na nossa vida. Não adianta procurar com tanta ansiedade, que normalmente elas aparecem quando você menos espera, e aí a felicidade é inexplicável. São peças muito importantes do quebra-cabeça, que fazem toda a diferença. São os nossos futuros melhores amigos, nossos namorados, nossos maridos e nossos filhos. Eles preenchem aquele espaço que estava faltando com maestria e emoção.


Agora, cuidado. O que pode acontecer é bater um vento fortíssimo e derrubar tudo o que você tinha montado. Algumas peças continuarão encaixadas, por causa da rede forte de peças que você construiu. Por mais que ver tudo destruído irrite você, o mais interessante é remontar tudo, respirando fundo e revendo quais as peças mais importantes a serem montadas primeiro.
Não importa qual o desenho final do quebra-cabeça, contanto que ele seja algo que te agrade muito. Sem dúvida, este é um quebra-cabeça montado durante toda nossa vida, com muita paciência e dedicação. Devemos escolher bem as peças, saber mais ou menos onde elas se encaixam (ou não ter a menor idéia contanto que possamos consertar depois), e entender que cada peça é única. Mesmo que uma peça tenha uma cor exatamente igual a outra, você verá que não são iguais em sua forma. No final do quebra-cabeça, todas poderão ser relembradas (“lembra como demorei para encontrar tal peça?”), cada uma com o nível de importância que você dá a elas.

Seja como for, o desenho é seu. Monte do melhor jeito possível e não se esqueça que você é uma peça do quebra-cabeça das outras pessoas.