quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Enquanto a inspiração não vem

20 de novembro de 2007

“Quarta, 23 de fevereiro de 1944

Nós dois olhamos para o céu azul, para o castanheiro nu brilhando de umidade, as gaivotas e outras aves luzindo de prata enquanto rodopiavam no ar, e ficamos tão comovidos e extasiados que não conseguíamos falar. Ele encostou a cabeça numa trave, e eu continuei sentada. Respiramos o ar, olhamos para fora e nós dois sentimos que o encanto não deveria ser quebrado com palavras. Continuamos assim durante longo tempo, e quando ele teve de ir ao sótão rachar lenha, soube que Peter era um rapaz bom e decente. Ele subiu a escada até o sótão pequeno, e fui atrás; (...) Mas também espiei pela janela aberta, deixando o olhar percorrer boa parte de Amsterdã. Sobre os telhados e em direção ao horizonte havia uma tira de azul tão claro que era quase invisível.
Como posso me sentir triste enquanto isto existir, pensei, esta luz e este céu sem nuvens, e enquanto eu puder desfrutar dessas coisas?
Enquanto isso existir – e deve existir para sempre -, sei que haverá consolo para toda tristeza, independentemente das circunstâncias. Acredito firmemente que a natureza pode trazer conforto a todos que sofrem.
Ah, quem sabe, talvez não demore muito antes que eu possa compartilhar este sentimento de felicidade avassaladora com alguém que sinta o mesmo que eu.”

Trecho encontrado na página 184 de ‘O Diário de Anne Frank’, um livro bem legal que minha amiga Raíssa me emprestou (estou fazendo um intercâmbio literário com ela). Achei linda esta parte!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Viva a diversidade

Hoje fiquei quase o dia todo pensando na diversidade. É, diversidade...musical, de estilo, de corte de cabelo, de formas corporais. Começou na minha ida diária a UFES, de busão (por isso que gosto de ônibus...a gente vê muita coisa.) Vi duas meninas, lá pras 9h da manhã, com um estilosão hip-hop muito característico. Sabe como é? Óculos grande, boné pra trás, duas trancinhas no cabelo, cueca (tipo samba-canção) aparecendo sob a calça larga, tênis grande e confortável. Até lembrei de uma amiga que apesar de gostar tudo quanto é música pop, ama hip-hop de coração, mas que nunca se vestiria daquele jeito (haha). Aí no famoso RU, hora do almoço, meus olhos reencontraram essas duas meninas, e eu confirmei que eu achei muito massa o jeito de vestir delas. Não é que eu adotaria aquilo para mim, mas que é ótimo ver gente diferente do normal. Ver um colorido no meio do preto-e-branco. A partir desse momento, durante o dia, vi muitas figuras na UFES, como é de praxe. Desde hippies até nerds, de esportistas até claros sedentários. Aí resolvi escrever.
Acho que nós ganharíamos muito se na nossa sala de aula ou ambiente de trabalho, ou família que seja, tivesse gente diferente. Gente que foge do estereótipo comum, que não liga muito pra imagem, saca? Imagina se na nossa sala tivesse um cara estilo hippiezão, super-amigo daquele cara moderno que adora um rock brasileiro. Se o casal perfeito da sala fosse um negro magrelo baixinho com uma ruiva alta e gordinha. E pense só naquela menina loira que ama axé sendo a amiga de todas as horas daquela outra garota que prefere ‘Cansei de Ser Sexy’, e que se veste sem pensar muito nas combinações de cores. Se blusas decotadas e grudadas abraçassem casacos largos de moletom. Imagina se todo mundo pudesse se aceitar e aprender um com o outro. Se os ateus fossem bem amigos dos evangélicos (e vice-versa) – aliás, tive ótimos momentos de aprendizagem ao ter amizades assim. Adoraria ver um mundo onde todo mundo se desse bem. Imagina se todo mundo compartilhasse áudios/vídeos e pudesse ouvir na mesma lista de música de Amy Winehouse até Antônio Carlos Jobim. De Macy Gray até Dream Theater. De The Corrs até Vanessa da Mata. De Björk até Cristina Aguilera. Enfim, vocês entenderam. Dessa mistura toda existiria um equilíbrio. E equilíbrio é a resposta pra muita coisa, acreditem.
Uma pena que as pessoas precisem se incluir em grupos de gente muito parecida com si mesmo. Na verdade, eu entendo perfeitamente essa opção porque muitas vezes é isso o que faço. É mais fácil, gera menos discórdia e problemas, certo? Você não precisa se dar o trabalho de explicar o porquê que você é daquele jeito, todo mundo te entende sem você dizer uma palavra.
Ao mesmo tempo sei que é quase uma alienação, não? A gente se acomoda, não se dá o trabalho de entender os outros. Caraca, a gente criticaria muito menos se convivesse. Conviver é a palavra. A gente fala muita besteira sobre os outros sem perceber. Quantas vezes você (e eu) não criticamos emos, punks, crentes, românticos e realistas?
Aliás, você não precisa ser melhor amigo como relatei anteriormente, mas tentar entender um estilo de vida já é um passo. Ver o ponto de vista do outro é tão duro? Não é difícil não, não mesmo. Só teria que partir de nós um pouquinho de esforço e boa-vontade. E pra lixeira com o preconceito e o rótulo. E viva a diversidade!

domingo, 4 de novembro de 2007

Hm...

Feriado. Manhã fresca e nublada, depois que o sol apareceu para iludir seus amantes. As nuvens de diversos tamanhos formavam os desenhos mais diferentes e divertidos. Eu estava sentada na grama de um grande parque verde e silencioso. Contemplava cada movimento dos pássaros da árvore da frente e esses incríveis animais cantavam uma melodia que nenhum homem conseguiu fazer mais bonita. Era uma linda manhã, apesar da falta de sol, e o melhor: eu não estava sozinha.
Ele segurava minha mão e sussurrava palavras cheias de poesia. Me mostrava a vida pela sua visão e eu concordava com alegria. Eta vida besta, meu Deus. O amor me alienava porque tudo era lindo, romântico e perfeito. E eu não ligava de me entregar por completo a essa ausência de realidade. Não existia mais fome, miséria ou destruição. Só me interessava por versos, letras e violão...Toda música me lembrava ele e seus gestos, seu sorriso. Cada beijo e aproximação. Meus dias eram dele e meu tempo era recheado de pensamentos surreais sobre nós dois. Eu cuidava com devoção da árvore que ele tinha me dado, e de tanto regá-la, com medo dela morrer de sede, acabei por afogá-la. Nenhum dos meus amigos me reconhecia mais. Vivia no mundo da lua, pensando...nele. Meu pensamento crítico tinha ido por água abaixo e isso não podia ser saudável. Quando uma grande amiga me abriu os olhos, eu enxerguei. Eu vi o quanto eu estava errando. Precisava de um pouco de racionalidade. E ao mudar meu modo de viver meus dias, eu percebi que ele não estava no meu ideal de futuro. No momento presente, eu o amava, ele me fazia rir. Irracionalmente, nosso relacionamento era um conto romântico. Mas teve um final realista. Nosso relacionamento durou bastante. Mais do que os outros imaginavam e menos do que eu idealizava. Foi uma transição longa até vermos que não dava mais. Quando eu tive coragem, ele se tornou meu ex-namorado. Ainda admiro ele, torço por ele, desejo sempre o melhor pra sua vida. E eu não era o melhor pra vida dele...Ele também não era o melhor pra mim. Daí o fim.
Depois de um período sozinha, tentando me curar das lembranças que ainda tinha com ele, lá estava eu de novo. Sentada num outro parque, e este era deslumbrante. Dei um suspiro de felicidade e satisfação por poder estar desfrutando daquele dia. Dessa vez estava sol, mas não muito quente. Uma brisa leve desarrumava meu cabelo, mas aí eu tinha ele, que olhava pra mim rindo e fazia eu ver novamente, ao tirar aquelas mechas do meu cabelo. Eu sorria em agradecimento e torcia para vir outro vento, só para que ele tocasse meu rosto novamente, com aquele jeito todo gentil. Agora, com coração e razão, eu amava mais uma vez. Os pássaros cantavam em alto e bom som uma canção de amor. Aquela era nossa música: a natureza. E naquela toalha de piquenique gastei muitos de meus fins de tarde e começos de manhã, na companhia do nascer de sol.
E mesmo depois de muito tempo eu não cansava de estar ao seu lado, nós nos dedicávamos a um futuro juntos e não podia ser melhor. Com ele, tenho certeza, serei feliz. Ixi, ele acabou de chegar. Deixa eu ir lá ver um filme com ele e colocar em prática esse sentimento perfeito que é o amor.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Desenho Infantil

Ontem quis escrever alguma coisa, então escrevi isso. Mas lendo e relendo vi que me faltou muita inspiração. De qualquer forma vou postá-la, somente para atualizar meu espaço. =D Na próxima vou caprichar, blz? haha. Uma história sem final feliz..tentei colocar um final feliz, mas achei mais fácil terminar desse jeito (parece até como algumas pessoas enfrentam a vida real: pelo cominho mais fácil. Só que nem sempre o caminho fácil é o melhor, ahm! Além disso, a música 'Pulsos' da Pitty não saía de minha mente..é uma crônica para a música. Enfim:
"Ela era o tipo de menina que não podia ser definida verdadeiramente se não se conhecesse ela por completo. Por fora, uma pessoa normal, um pouco séria, com pouca expressão, sem sal. Por dentro, um poço de mistérios, cheia de pensamentos negativos sobre a vida, tendo um passado triste de bagagem. Ela sempre achou que o amor era um jogo a se perder sempre. Por isso se fechou completamente depois de várias mágoas: situações que fizeram com que ela perdesse a confiança em si mesma.
Ela já tinha pensado várias vezes em tirar a própria vida, mergulhada em pensamentos depressivos e inspirada por outras histórias. Sua família parecia não dar a mínima. Os pais eram divorciados, viviam dando atenção à própria vida pessoal, ao invés de cuidarem de proteger aquela que estava ficando aos poucos de lado. Não tinha irmãos, o que piorava a situação. Os únicos amigos tinham ficado num passado não muito distante, no antigo colégio, e parecia ser uma tarefa impossível conquistar novas amizades.
Ela já tinha perdido a esperança em algum ser superior. De tanto suplicar por dias melhores, se cansou. Seu coração tinha sido esmagado e dilacerado tantas vezes que já era impossível reconstruí-lo. Não via mais sentido em estar ali. Ela estava sobrevivendo ao invés de viver em felicidade e luz.
Numa manhã sem aula ela ligou a tv entediada. Estava passando um desenho infantil bobo. Mas as simplicidades dos diálogos, a comédia por trás daquilo tudo e a falta de lição de moral a fizeram rir. E olha que ela não sorria fazia muito tempo. Saiu até um som meio estranho daquela pequena gargalhada. Talvez ela precisasse sorrir mais... Só faltavam-lhe motivos reais.
Aquele desenho foi transformando o rosto daquela menina, e ali, naquele sofá velho, ela voltou a ser apenas uma criança sem consciência do mundo. Cada expressão facial da personagem na televisão arrancava-lhe um novo sorriso. E tudo parecia simples. Quando o desenho foi encerrado para dar lugar a um programa chato de música, ela caiu na real. Apertou o botão de desligar com tanta força que parecia que ia esmagar o controle remoto com apenas um clique.
Ficou revoltada em ter seu momento divertido interrompido por um programa infeliz de músicas da moda e pessoas com máscaras de felizes. Pra ela, um bando de embestalhados, robôs controlados pela chance de aparecer naquela tela pequena.
Ela tomou seu próprio destino, para desespero de seus pais, que antes distantes quilometricamente dela, agora estavam mais próximos do que nunca. Desmanchavam-se em lágrimas, juntamente com seus antigos amigos, que ainda a amavam apesar de terem perdido contato. Ela queria descanso, e achou ele ao tirar a própria vida. Antes de concretizar isso, ela pediu aos céus que o outro lado fosse cheio de desenhos infantis, um paraíso, uma felicidade. Estava cansada do filme de terror que era a vida real."