domingo, 20 de janeiro de 2008

Sobre amizade

É, estou já há um tempo sem escrever...transição de computadores aqui em casa e arrumação de malas para viagem! Mas depois de uma importante intimação, não pude deixar de vir aqui escrever mais uma vez.
Confesso que depois do último fim de semana morri de vontade de escrever sobre amizade por aqui. Eu me encontrei com meus verdadeiros amigos, aqueles que são lembrados por mim dentro de um colégio fora do normal do ensino médio e um ambiente de aprendizado para toda a vida. Foi com eles que aprendi a viver. Esse texto é dedicado a eles (mesmo que eles não venham aqui ler isso).

Ela sabia que não teria mais amigos como aqueles. Seria difícil que toda aquela cumplicidade fosse construída novamente e de forma tão sólida quanto aquela. Era o último dia de aula e as lágrimas já queriam fazer seu caminho antes mesmo da despedida final. Ela não deixou. Segurou até o último minuto. Lá foram eles todos para aquele complexo gigantesco de lojas. Almoçaram juntos, riram juntos, se olharam como se fosse o último dia de vida de cada um. Trocavam abraços, carinhos e fotos. Eles sentiam no ar um aroma doce de um sentimento sem igual. Um sentimento que englobava tudo o que queriam dizer um para outro. Um sentimento que representava perfeitamente a amizade: o amor. Nada do amor sensual ou amor banal que vemos por aí. Era o amor em sua perfeita forma. Depois de uma pizza compartilhada por todos e refrigerante à vontade, eles foram sentar naquelas cadeiras confortáveis de cinema. Tudo tinha mais graça, cada piada declamada seria a última. Ao mesmo tempo, tudo era melancólico. Era o último dia em que podiam ficar juntos. Então aproveitaram cada segundo de cada minuto. Cada mão dada, cada olhar. Cada pensamento era claro: ‘Sentirei falta disso’. Estava estampado no rosto de cada amigo ali. O filme que passou aquele dia marcou o coração deles. Mas principalmente o coração dela. Para ela, até hoje é o melhor filme de todos, porque selou a amizade deles naquela sessão vazia de cinema. Que filme perfeito! Um filme que ela veria dez vezes mais, só para relembrar aquele triste dia.
O dia foi acabando e todos sabiam o que isso significava: nada seria como antes. Ali acabava a bagunça em sala de aula. Os segredos compartilhados por micro papéis. A amizade sincera com os professores. A torcida de cada um pelo sucesso um do outro. Os ‘bom dia’ freqüentes e simpáticos. As notas baixas seguidas das ajudas dos amigos. Os namoros impensados e pensados. A alegria de pegar um ônibus para ir pra aquele lugar. Era ali que acabava. Descendo a escada em direção a saída, ela viu uma de suas amigas chorar. E foi ali que ela caiu na real. Nada seria como antes. Chorou também. Um choro triste de lamentação. Seu coração doía muito, quase que não podia suportar. Foi abraçada e consolada pelos próprios inconsoláveis. Abraços demorados e dolorosos. Acabou ali. Naquele ponto de ônibus.
A caminho de casa, ela implorou a Deus que não acabasse ali. Que a amizade fosse a mesma por muito tempo e que o contato não se perdesse. A verdade é que somente as amizades mais consolidadas resistiriam ao tempo e à distância. Os outros amigos, não menos importantes, continuariam em sua memória e coração.
Três anos mais tarde tudo era diferente. Ela ainda via os amigos mais próximos daquela época e os amava. Amava cada momento junto e cada sorriso trocado. Amava estar com eles e falar bobeira. E rir muito. E saber que era ótimo ter aquele refúgio. Mas ela sabia que não teria outros amigos como aqueles. Não importa onde fosse, a não ser que ela revivesse aqueles três anos novamente, ela não viveria uma amizade como aquela. Por isso mesmo fazia questão de demonstrar todo seu amor aos seus amados. Aquela amizade é para sempre. Não é clichê nem jargão. É a realidade. E ela sabe disso. E se você viveu algo parecido, também sabe disso. É para sempre. Sempre.

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